Depois da aprovação da reforma da previdência, que retirou diversos direitos do trabalhador, pensou-se que o governo federal havia ido longe de mais no retrocesso. Mas o presidente ilegítimo está aí para isso mesmo, para fazer tudo aquilo que os governos eleitos pelo voto não tiveram coragem de fazer em nome do capital. Como ele não tem compromisso com o eleitor, mas somente com o a classe empresarial, não se intimida diante do retrocesso.
Enquanto a classe trabalhadora ainda tentava digerir a reforma trabalhista, e se preparava para o estrago ainda maior que vem pela frente na reforma previdenciária, eis que o presidente golpista baixou, no mês passado, uma portaria que alterou a definição de conceitos importantes para caracterizar a situação de trabalho análoga ao escravo.
Entre essas características estão os de trabalho forçado, jornada exaustiva e condições análogas à de escravo. Pela nova regra seria classificado apenas a restrição da liberdade de locomoção do trabalhador ou o uso de segurança armada para reter o trabalhador no local.
Apesar do absurdo de tudo isso, não se viu uma movimentação a contento do movimento sindical. Foi preciso que um partido político, que não é ligado à classe trabalhadora, necessariamente, a Rede Solidariedade ingressasse na Justiça com uma ação contra a portaria para que se tivesse algum resultado. A ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber cessou os efeitos da portaria, a partir da ação.
Uma vergonha para o País, para o governo, mas também para o movimento sindical, que ficou olhando a banda passar. A situação é tão delicada, que hoje nem mesmo a abertura das campanhas salariais, que sempre contaram com grande movimentação sindical, assembleias e articulações nas empresas, acontecem em silêncio, sem que ninguém saiba que está acontecendo. Nem mesmo as eleições nas entidades ganham mais repercussão.
Diante dessa inércia, é hora de o trabalhador tomar as rédeas dessa situação. Se o sindicato hoje não tem mais voz para defender o trabalhador, é hora de repensá-lo, de refazê-lo e caberá ao trabalhador buscar esse ponto de partida. Voltar à escravidão é que não dá.
Acorda, trabalhador!