O corte foi feito pela Companhia Espírito Santense de Saneamento (Cesan) no dia primeiro de novembro, após uma denúncia anônima, e ameaça a continuidade da iniciativa. “Estamos todos muito tristes porque o projeto dessa forma será inviabilizado. Contamos com o apoio de todos, para que essa situação seja revertida com a maior brevidade possível”, contam os guardiães da Horta, em uma petição eletrônica de apoio à religação imediata da água.
Na pior das hipóteses, conta Duda Duda Bimbatto, uma das fundadoras da horta, os voluntários pedirão uma nova ligação e assumirão o pagamento da conta. “Mas acho isso um absurdo, deveríamos ter uma mínima contrapartida por cuidar de um espaço público”, defende. Independente de qual solução se apresentar, uma coisa é certa: “não vamos de forma alguma deixar morrer!”, garante.
Os 50 metros de extensão da rua estão repletos de mais de 200 espécies de hortaliças, legumes e ervas medicinais, que atraem alunos de escolas públicas e particulares, para pesquisas escolares, líderes comunitários, para troca de experiências e saberes, e inúmeros voluntários e admiradores de uma iniciativa tão simples quanto revolucionária. Os eventos artísticos, periodicamente, fortalecem ainda mais o caráter educativo, cultural e terapêutico da horta.
A manutenção diária é garantida pelos vizinhos, que se revezam nas regas, podas, limpezas e outros cuidados. A colheita também é compartilhada e enriquecem o cardápio dos encontros e eventos.
A Quintal da Cidade colocou Vitória no mapa mundial das hortas urbanas e comunitárias e já obteve reconhecimento internacional em maio, após visita de uma missão da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), com representações de doze países da América Latina e Caribe, que a classificou como um exemplo de inovação em tecnologia social.