O evento pretende reunir organizações e atingidos de toda a Bacia Hidrográfica do Rio Doce impactada pelo crime de Bento Rodrigues/MG, soterrada pela lama, até Regência, onde a tragédia alcançou todo o litoral capixaba, estendendo-se do sul da Bahia até a cidade do Rio de Janeiro.
“Queremos marcar essa data na agenda das organizações capixabas”, comenta Heider José Boza, militante do MAB no Espírito Santo. Discussões, articulações e apresentações culturais também estão previstas. “Estamos convidando artistas atingidos ao longo da Bacia para se apresentarem”, conta.
Para o MAB, que lida com atingidos por barragens em todo o Brasil há quase trinta anos, o caso da Samarco/Vale-BHP se difere de tudo o que a organização já viu, pois trata-se de um crime. “Um crime premeditado, ao que tudo indica, segundo as investigações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal. A Samarco já sabia dos riscos de romper. Não é uma questão de exigir que se compense pelos danos de uma barragem. Foi um crime, em que o criminoso tenta o tempo todo encobrir as pistas”, diz o militante.
Mesmo tendo iniciado seu trabalho com barragens de hidrelétricas, o MAB logo começou a atuar também com atingidos por barragens de mineração, pois os dois setores foram privatizados na mesma época no Brasil e estão economicamente entrelaçados. “A maior parte das barragens de hidrelétricas são feitas para abastecer a indústria mineral, que é a que mais consome energia no país e já possui muitas barragens para energia elétrica, como a própria Samarco”, informa.
O calendários de atividades marcando os dois anos do maior crime ambiental do Brasil e o maior da mineração mundial teve início no dia quatro, com eventos em Bento Rodrigues/MB e em Colatina – o III Manifesto em favor do Rio Doce, organizado pela Diocese – e passou pelo Seminário Balanço de Dois Anos do Rompimento da Barragem de Fundão”, na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), de seis a oito de novembro.
Mais dois eventos ainda serão realizados, ambos em Colatina: o Seminário “Quanto vale o rio? Dois anos de impactos sociais e ambientais e a luta por justiça”, que acontece no dia 22, às 19h, no auditório da Diocese; e a audiência pública “Quanto vale a água?”, no dia 30, às 18h30, no auditório da Câmara de Vereadores.