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‘Orgânico não tem que ser caro’

O preço final ao consumidor é uma questão estratégica para o avanço da agricultura sustentável, alternativa, sintrópica ou agroecológia, dê-se a ela o nome que se queira. É o preço que impede os camponeses de acessarem as caras certificações auditadas, que encareceriam o valor dos produtos vendidos diretamente ao consumidor. É o preço também – ou, mais ainda, o “mito” do preço alto – que ainda afasta algumas pessoas dos produtos certificados nas feiras.

E é uma ideologia arcaica e cruel, que faz com que a maioria dos grandes mercados subam os preços dos orgânicos exacerbadamente, a ponto de restringi-los a uma ínfima parcela abastada da população, insistindo numa tese ultrapassada de que, para ser bom e orgânico, tem que ser caro.

Pois um jovem empreendedor capixaba está provando que os orgânicos podem, sim, chegar aos supermercados e pontos especializados de vendas a preços razoáveis, pagando valores justos aos agricultores e inovando em qualidade.

Há apenas dois anos à frente do Sol da Terra Produtos Orgânicos, Pedro Moreno Ortiz foi o pioneiro, no Brasil, a comercializar alimentos orgânicos, processados e higienizados com ozônio. E pioneiro também no Espírito Santo, a disponibilizar a rastreabilidade de seus produtos por meio de um QR Code – espécie de código de barras que informa o caminho percorrido pelo alimento, desde o campo até o ponto de venda direta ao consumidor – que pode ser lido por qualquer aplicativo de celular voltado a esse serviço.

Com uma filosofia de trabalho muito bem definida e uma “política de preços acessíveis”, ele tem conseguido atrair fornecedores – agricultores certificados capixabas e atacadistas orgânicos de São Paulo e do Sul do País – e clientes – supermercados e lojas especializadas da Grande Vitória – comprometidos com o mesmo ideal, de levar o produto orgânico a um número cada vez maior de pessoas, expandindo assim os benefícios que essa agricultura traz para a saúde e a dignidade das pessoas e a conservação ambiental.

O primeiro grande cliente da então recém-nascida empresa, por exemplo, por insistir em elevar absurdamente o preço dos produtos, foi cortado de seu círculo de negócios. A bandeja de cenoura vendida, hoje, por seus atuais clientes, a R$ 4,98, nesse antigo revendedor era a R$ 11,99! Vendendo a um preço justo, o comerciante ganha em volume, são 80 bandejas em média por semana, enquanto o outro faturava em média apenas quatro. E quanto mais vendas, mais área plantada livre de agrotóxicos e exploração humana.

Tradição de quase 40 anos

Oceanógrafo de formação, Pedro optou por se dedicar à alimentação orgânica por influência do pai, o médico naturalista Marco Ortiz, fundador do primeiro restaurante vegetariano da Grande Vitória, o Sol da Terra, em 1980, que dá nome ao novo empreendimento da família.

“Quis dar continuidade ao trabalho, de uma forma diferente”, conta. Compartilhar o mesmo nome e logomarca simboliza, na verdade, a compartilha do mesmo sonho, de pai e filho, que é levar mais saúde para as pessoas e o planeta, com justiça social.

“A ideia é aumentar a produção de orgânicos para poder ter escala maior de produção e diminuir o preço. Estamos lutando contra a corrente do que faz o governo. A nossa luta é contra isso também”, conta Pedro, referindo-se aos incentivos dados pelo governo federal e a maioria dos governos estaduais, inclusive o capixaba, para o uso de agrotóxicos nas lavouras, muitos deles proibidos na Europa e Estados Unidos, devido ao seu poder carcinogênico, entre outros graves riscos à saúde. “O ganho do governo com os impostos sobre esses agrotóxicos não cobre os gastos com saúde pública”, critica.

Foi Marco Ortiz quem inspirou e abriu caminho para os primeiros passos de Pedro no negócio. E continua orientando e sugerindo as inovações. A higienização com ozônio, por exemplo, foi uma busca pessoal do médico, que se transformou em diferencial para a nova empresa da família Sol da Terra.

Pedro explica que a máquina, importada da Alemanha, adiciona um átomo de oxigênio ao oxigênio captado do ar, criando o Ozônio (O³) e injetando-o na água. Ali, o alimento permanece por quinze minutos a uma hora, sendo purificado de bactérias e vírus. A técnica é legalizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e não é tão agressiva como a utilização do cloro, um “cida” que ataca a própria bioenergia do alimento.

Amor e verdade

No auge de sua conquista aos grandes mercados da cidade, Pedro já planeja, também, chegar às feiras orgânicas, a partir de janeiro de 2018. A entrada de uma barraca sua na mais antiga feira especializada de Vitória, no Barro Vermelho, foi aprovada na última reunião dos feirantes.

“Acho que é bom para a feira. Vai complementar com o que a gente não produz”, comenta Silvano Corandt, da Associação de Agricultores e Agricultoras de Produção Orgânica Familiar de Santa Maria de Jetibá (Amparo Familiar).

Com a nova barraca, o consumidor que for à feira encontrará grãos, farinhas, geleias de frutas que não ocorrem no Estado, biomassa de banana verde e produtos fabricados no Sol da Terra, como o espaguete de vegetais, feito em uma máquina que corta os legumes no formato de espaguete, podendo ser consumido cru ou cozido, como o macarrão comum.

O trabalho do Sol da Terra nos supermercados e lojas também é bem visto por Silvano. “Ajuda muito. A gente consegue vender mais e divulgar mais o nosso trabalho”, afirma. De fato, apenas no dia desta entrevista, Pedro havia colado 2.230 rótulos em produtos que foram distribuídos em diversos pontos de venda da região metropolitana.

Em 2018, Pedro também planeja iniciar um delivery, com entregas individualizadas. Muitos planos, muitas inovações, mas também muita simplicidade e humanidade. Uma prova viva de que o Universo conspira a favor, quando nos dedicamos à nossa missão de vida, com amor e verdade.

Para saber mais, acesse a fanpage e o site.

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