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Lagoa Encantada, em Vila Velha, novamente de luto

“A Lagoa Encantada está de luto mais uma vez!”, lamentam os membros do Fórum de Desenvolvimento Social, Econômico e Ambiental do Grande Vale Encantado (Desea), na página criada para apoiar a proteção das Áreas de Preservação Permanente (APPs) da Lagoa Encantada.
 
“Desta vez, além de destruir todas as mudas que havíamos plantado para recuperar um trecho que estava começando a criar voçorocas, desmataram a vegetação, algumas árvores com cerca de três metros, que estava se recuperando de outro crime, ocorrido em 2015”, relatam os ativistas.
 
O flagrante foi feito durante um dos trabalhos de monitoria voluntária do grupo, que denuncia os crimes e devastações que a região sofre, além de divulgar suas belezas naturais e potencial ecoturístico, inclusive com caminhadas ecológicas e mutirões de reflorestamento.
 
Na devastação de 2015, citada na postagem nas redes sociais, os ambientalistas relembram que foram desmatados “cerca de 1,5 hectare ilegalmente com autorização do Idaf [Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal] e que, até hoje, ninguém foi punido ou obrigado a restaurar a área, ao contrário, ela vem sendo constantemente agredida e, o que é pior, sem nenhuma atitude dos órgãos responsáveis pelos cuidados com o meio ambiente”, protestam.
 
O Desea é uma das entidades que luta pela proteção legal da Lagoa Encantada e seus alagados. O grupo se reveza na vigília e fiscalização, combatendo incêndios e denunciando crimes ambientais que, periodicamente, ocorrem, como tentativa de descaracterização ambiental para exploração insustentável de seus atributos ecológicos. Nesse momento, o objetivo é incluir, no Plano Diretor Municipal (PDM) a proposta de criação de uma unidade de conservação na região.
 
Desde 2012, o coletivo organiza a Caminha Ecológica anual e outros eventos voltados a sensibilizar o poder público e a sociedade em geral para a necessidade urgente de conservação da biodiversidade local, por meio da criação do Parque Natural Municipal.
 
O Fórum também participa ativamente das discussões do novo Plano Diretor Municipal (PDM), reivindicando a inserção da futura unidade de conservação.
 
Observação de aves
 
A Lagoa Encantada é conhecida pelos observadores de aves, capixabas e de outros estados, por sua elevada biodiversidade. Estudos faunísticos já identificaram mais de 150 espécies, entre migratórias e residentes, que usam a região como local de repouso e alimentação. “Mais uma vez fica comprovada a importância de se preservar a região”, ressalta Wilerman da Silva Lucio, membro do Desea.
 
Recentemente, ele e sua esposa Ingridi dos Santos Barros fizeram dois registros ornitológicos importantes na Lagoa: o primeiro registro, em todo o Espírito Santo, da Viuvinha-de-óculos (Hymenops perspicillatus); e o segundo registro, no local, da Saíra-sapucaia (Tangara peruviana), espécie ameaçada de extinção, segundo critérios da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).
 
Localizada entre os bairros Vale Encantado e Rio Marinho, os alagados se conectam parcialmente com a Reserva de Jacarenema, com grande potencial de formação de um corredor ecológico. A proteção desses ecossistemas é vital para evitar os problemas de alagamentos que tanto assolam os munícipes de Vila Velha. Porém, a área também está numa região retroportuária, próxima às rodovias Lindemberg, Darly Santos e de uma terceira, em construção, a Leste-oeste.
 
A comunidade local tem trabalhado no Plano Diretor Municipal (PDM) pela criação de dois parques naturais, um envolvendo a Lagoa e seus 1.194.000 m², e outro protegendo os Alagados do Vale, ao seu redor, numa área entre cinco e seis milhões de metros quadrados.

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