O Altas mostra que, no período avaliado, mais três municípios capixabas apresentaram supressão florestal, com a eliminação de 330 hectares (ha), área equivalente a 330 campos de futebol. O ranking do desmatamento é o seguinte: Governador Lindemberg (191 ha), Jaguaré (83 ha), Sooretama (31 ha), Guarapari (10 ha), São Domingos do Norte (8 ha) e São Mateus (7 ha).
Chama atenção a proximidade entre cinco dos seis municípios em que houve redução da cobertura florestal, estando quase todos contíguos, com exceção de Guarapari, ao sul da região metropolitana. A região está no limite sul da área de maior concentração de monoculturas de eucaliptos no Estado, que, apesar de toda a devastação e necessidade urgente de reflorestamento – não atendida pelo Estado – continua avançando, expandindo o deserto verde e suas mazelas ambientais e sociais.
A SOS Mata Atlântica destaca ainda que o estudo só contabiliza os desmatamentos superior a três hectares, portanto, os pequenos desmatamentos não são registrados, concluindo-se que, na realidade, o desflorestamento foi maior, o que é grave, pois a cobertura de floresta primária no Espírito Santo hoje é próxima dos 16%, apenas, sendo esta uma das principais causas da crise hídrica que sofremos, a maior da história.
A situação é dramática, na verdade, em todo o bioma. “A Mata Atlântica é o bioma mais ameaçado do País, restam somente 12,4% da área original. Um total de 72% da população brasileira vive na Mata Atlântica, assim como mais da metade dos animais ameaçados de extinção do país. Ao desmatar, estamos prejudicando nosso próprio bem-estar e qualidade de vida”, afirma Segundo Marcia Hirota, diretora executiva da Fundação SOS Mata Atlântica.
O Altas da Mata Atlântica apresenta a situação da cobertura florestal e o histórico do desmatamento nos 3.429 municípios dos 17 estados do bioma. Todas as informações estão disponíveis no site e aplicativo Aqui Tem Mata, que oferece uma busca personalizada por meio de mapas interativos e gráficos.
“Este aplicativo foi produzido para contribuir com as atividades de pesquisa, educação ambiental e mobilização. Qualquer pessoa pode ter acesso e conhecer o histórico da situação da Mata Atlântica local e ajudar a defendê-la”, afirma Flavio Ponzoni, pesquisador e coordenador do Atlas pelo INPE.
A Mata Atlântica está distribuída ao longo da costa atlântica do país, atingindo áreas da Argentina e do Paraguai nas regiões Sudeste e Sul. De acordo com o Mapa da Área de Aplicação da Lei nº 11.428, a Mata Atlântica abrangia originalmente 1.309.736 km2 no território brasileiro. Seus limites originais contemplavam áreas em 17 estados: Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Sergipe, Alagoas, Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.