Para evitar que a lama com rejeitos de mineração, que aniquilaram a vida na maior parte do Rio Doce, contaminassem o Rio Pequeno, foi ampliada, na época do crime, uma barragem que interrompe a comunicação entre os dois corpos d´água – o Rio Pequeno deságua no Doce –, o que tem provocado uma redução significativa de sua vazão.
Pouco oxigênio, matéria orgânica (algas, principalmente) em decomposição nas margens e afluxo contínuo de esgoto in natura – o município tem cobertura de tratamento de esgoto em torno de 60%, havendo muitos ribeirinhos e mesmo prédios altos no centro da cidade que lançam seus esgotos sem qualquer tratamento diretamente no rio.
Depois de mais de dois anos recebendo todos esses golpes, o Rio Pequeno agoniza e as primeiras mortandades começam a acontecer. “Extremamente triste, o Rio Pequeno, que abastece a cidade, virou valão de esgoto! O descaso com quem deu de comer e de beber para milhares de linharenses é impressionante!”, desabafa Claudia Guerino, funcionária aposentada do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Linhares.
Em sua página no Facebook, a ex-servidora publicou fotos e um vídeo mostrando o esgoto e os peixes mortos e alerta que a captação emergencial que a mineradora fez para bombear água da Lagoa Nova para o Rio Pequeno não tem capacidade para abastecer a cidade e deve ser usada eventualmente, em caso de falta de água.
A adutora lança as águas da Lagoa Nova em um poço dentro do Rio Pequeno, no ponto de captação do SAAE. Foi determinada pelo Ministério Público Estadual, em junho de 2016, como uma das medidas de compensação pelo crime cometido pela Samarco/Vale-BHP.
Claudia chegou a ser diretora do SAAE em 2016, quando não aprovou a transferência de recursos, pela Prefeitura, para o pagamento de rescisões de servidores comissionados que deixavam a administração municipal, com o fim do mandato do então prefeito Nozinho Correa (PRTB).