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Donos das empresas de ônibus pressionam motoristas e cobradores a furar greve

O transporte coletivo da Grande Vitória, tanto o oferecido pelo Transcol como pelos municípios da região, já é precário no dia a dia da população. A frota foi reduzida pelo governo do Estado e pelas prefeituras nos últimos anos, atendendo aos pedidos dos empresários, que alegam redução do número de passageiros e perda de receita.
 
A greve que começou nessa terça-feira (26) só fez piorar o que já é ruim.  As filas nos terminais e as esperas nos pontos de ônibus parecem não ter fim. Aos usuários do transporte sobra reclamar e esperar pelo transporte que não vem.
 
É neste clima que se enfrentam os empresários do transporte coletivo e os trabalhadores que operaram os ônibus, em plena campanha salarial. Os empresários já estão de olho no aumento do preço das passagens, previsto para o próximo mês.
 
Guerra de comunicados
 
Pelo menos em três das 12 empresas concessionárias do transporte coletivo, a pressão sobre os trabalhadores que estão em greve foi intensificada na manhã desta quarta-feira (27). Trata-se de uma posição ilegítima, de coerção, que será denunciada tanto ao Ministério Público do Trabalho (MPT), como à Polícia Federal.
 
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários (Sindiroviários), Edson da Fonseca Bastos, relata que está tranquilo e que os trabalhadores estão cumprindo o que foi determinado pela Justiça do Trabalho.
 
“Acontece que os empresários estão determinando que a frota que deve ser recolhida às 9 horas, para reduzir a circulação dos ônibus para 70% da que circula no horário de pico para 50% do tempo restante, só estão sendo recolhidos às 10h, 10h30”, denuncia Edson Bastos.
 
O presidente vê nesta medida, e em outras ações dos empresários, coerção sobre os trabalhadores.  É o caso da pressão feita nas garagens das empresas para que os trabalhadores voltem ao trabalho.
 
Este tipo de pressão  foi feito em particular na manhã desta quarta-feira nas empresas Praia Sol e Vereda, como denunciou o diretor do Sindirodoviários, Silvio Carlos Ramos de Oliveira, e na Unimar, denúncia do presidente Edson Bastos. Os trabalhadores resistiram à pressão, relatam os dirigentes do sindicato.
 
Edson Bastos afirma que o secretário geral do Sindicato das Empresas de Transporte Metropolitana da Grande Vitória (GVBus), Elias Baltazar, está praticando terrorismo ao denunciar que o Sindirodoviários está impedindo a saída de ônibus das garagens e descumprimento a determinação da Justiça sob o percentual da frota a ser mantida em circulação.
 
Ele vê a medida como tentativa de desestabilizar a categoria. “Não aceitamos isto. Vamos denunciar a situação ao Ministério Público do Trabalho e à Polícia Federal”, afirma Edson Bastos.
 
Salários
 
A reivindicação dos motoristas e cobradores é de um aumento de 5,21% a título de recomposição dos salários, mais 5%. O patronato oferece apenas 1,83% de reajuste.
 
Segundo o GVBs informou em nota, o salário do motorista de ônibus na Grande Vitória é de R$ 2.164,48 e do cobrador R$ 1.125,58. Soma-se a este valor benefícios como vale-alimentação, plano de saúde (R$ 158,74 pago pela empresa, e o restante pago pelo trabalhador) e seguro de vida.
 
A jornada diária tanto do motorista como do cobrador é de 7h20 minutos, segundo o diretor do Sndirodoviários, Silvio Oliveira. A categoria dos rodoviários tem 12 mil trabalhadores entre motoristas e cobradores, que trabalham em 12 empresas na Grande Vitória.
 
O GVBus informou que irá ingressar na Justiça do Trabalho com um pedido de ilegalidade da greve ainda nesta quarta-feira. Argumenta que houve descumprimento da determinação em relação a frota em circulação.
 
Caso a ilegalidade da greve seja decretada, o impacto econômico sobre o Sindirodoviários será elevado: o descumprimento, ainda que parcial, das decisões acarretará a incidência de multa diária no valor de R$ 200 mil a ser revertida em favor do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).
 
Já o julgamento do dissídio da categoria está marcado para o próximo dia 10 de janeiro. Contudo, não há impedimento legal para que uma reunião extraordinária do Tribunal Regional do Trabalho (TRT-ES) seja realizada, se o objetivo é por fim à greve iniciada na manhã desta terça-feira (26).

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