Uma nascente que já abasteceu a população como fonte pública de água, a paisagem, a diversidade de plantas, os macacos, as espécies marinhas e as águas transparentes, que convidam a um mergulho ao final da primeira etapa da caminhada. Mas, também, o lixo industrial e doméstico, o pó preto, a impunidade, a falta de cuidado e a morte de animais marinhos engasgados com plásticos.
Contraste da chamada “praia secreta’ de Vitória, no extremo norte da Praia de Camburi, já no limite com o Porto de Tubarão, administrado pela mineradora Vale. “A vista da cidade de lá é maravilhosa, muito bonita. Ao mesmo tempo a poluição que você vê é uma tristeza muito grande. Falta de compromisso com o desenvolvimento sem agredir a natureza”, comenta a jornalista e servidora pública estadual Zelita Viana.
Moradora de Jardim Camburi, é sua segunda Caminhada Ecológica com a AAPC. Novamente, lhe causaram revolta ver “coisas absurdas de lixo industrial: cabos enormes, correntes, peças danificadas, cones sinalizadores de trânsito, muita tampinha, canudinho, garrafa plástica, fralda de bebê, bota, tudo dentro do contexto da falta de consciência de comprometimento das pessoas com o lugar que elas moram”, pondera a servidora pública.
“Chega tudo no mar. Daí a gente saber de cada vez mais tartarugas e peixes que morrem engasgados, fora os que a gente não vê”, lamenta.
Os contrates da praia secreta de Vitoria chamaram atenção também de quatro dinamarquesas, que decidiram incluir a Caminhada Ecológica na sua programação de intercâmbio na capital capixaba.
Gentileza
Merethe, Emilie, Sara e Louise, oriundas da região central da Dinamarca, acompanharam a amiga Bianca Noé, técnica de manutenção e gerente de uma loja de telefones e afirmaram ter valido a pena toda a caminhada e todo o esforço, quando pularam nas águas transparente do final da praia. “Falaram que querem trazer as mães delas”, conta, satisfeita, a amiga brasileira, ressaltando o elogio da trupe, ao afirmarem que os trilheiros foram os brasileiros “mais legais” que elas conheceram, por se importarem com a natureza e as pessoas.
A gentileza e carinho dos brasileiros as encantaram tanto quanto as belezas naturais da região. “Elas nunca tinha vistos corais, acharam lindo. Perguntavam o tempo todo quais os nomes das plantas que viam, se podiam comer as frutas, adoraram dar comida pros macaquinhos”, relata Bianca. “Elas se encantaram com as plantas, a cada dois metros, uma planta diferente! E teve uma que elas disseram ter na Dinamarca, mas com folhas muito menores”, conta, divertida.
Mas, como todos os aventureiros ecológicos, também questionaram a grande quantidade de lixo. Foram cerca de seis quilômetros de percurso, entre ida e volta. Entre a “alegria e a consciência”, Zelita reafirmou, em nome do grupo, ser muito recompensador “aliar seu lazer a uma atividade cidadã”.