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MPA busca novos mercados para compensar o maior corte no orçamento da agricultura familiar

Os recursos federais destinados à agricultura camponesa e familiar em 2018 sofreram a maior redução da história recente do país. E isso num ano em que o governo Michel Temer anuncia “o maior volume da história”, com R$ 200 bilhões para o campo.

Segundo levantamentos do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), o orçamento deste ano equivale a 63% do ano passado, tendo sido reduzidos de R$ 9,7 bilhões para 6,2 bilhões! Especificamente para a segurança alimentar e nutricional, o montante foi reduzido a 43% do valor do ano anterior, passando de R$ 736 milhões para 321 milhões.

“A nossa geração nunca viu algo assim”, afirma o agricultor Dorizete Cosme, da coordenação estadual do MPA. “A intenção é bastante clara e objetiva, de acabar coma agricultura familiar. Reduzir ainda mais a capacidade de resistência que existe dentro da agricultura familiar e camponesa”, diz, com pesar.

“Os impactos serão drástico”, alerta Dorizete, destacando uma tendência de aceleração do êxodo rural. A saída do campo é uma via encontrada pelas famílias menos politizadas e informadas, que se mudam para as periferias das cidades cheias de expectativas, porém, sem conhecer a realidade do meio urbano.

O sonho impossível ainda é insuflado pelas empresas do agronegócio, sendo as de eucalipto as principais no Espírito Santo, com mais violência nas regiões norte e noroeste. “As famílias que estão nesses municípios estão sofrendo um assédio maior ainda para aderir a algum fomento e vender suas propriedades”, conta.

Feiras e novos mercados

“Nosso grau de dificuldade de sobrevivência no campo vai se intensificar”, avalia. Intensificando, consequentemente, prossegue, a luta pelo apoio dos governos municipais, para tentar compensar o rombo federal, não havendo muita expectativa junto ao governo estadual, que segue a mesma política de favorecimento explícita do agronegócio. “Não é que a gente esteja desistindo, mas nesse governo [Paulo Hartung] não tem perspectiva nenhuma de ter conquistas. E na maioria dos municipais, também”, diz.

A solução mesmo, assegura o líder camponês, virá da construção de mercados alternativos e solidários para comercialização direta dos produtos, fortalecendo a aliança camponesa e operaria. As feiras agroecológicas e os pontos de entregas de cestas são a principal ferramenta nesse sentido.

Além disso, os camponeses estudam a entrada em novos mercados internos, junto a instituições privadas, como escolas e academias, além do mercado exterior, esse, mais voltado a itens como o café e a pimenta-do-reino.  “Construindo resistência pra continuar vivendo no campo e criando condições de gerar renda pras famílias e pras organizações camponesas”, enuncia.  

Confira abaixo as principais feiras orgânicas e agroecológicas na Grande Vitória e no interior:

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