A atual diretora-presidente do Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), a advogada Andreia Pereira Carvalho, comunicou na manhã desta quinta-feira (18) sua exoneração, juntamente com a do seu diretor técnico, Décio Nora Ribeiro, e sua assessora jurídica, Alessandra Palmeira Nepomuceno, cuja publicação no Diário Oficial do Espírito Santo será feita a partir da próxima segunda-feira (22).
No mesmo comunicado, Andreia anunciou que o novo diretor-presidente da autarquia será o também advogado Jader Mutzig, que já atuou como secretário de meio ambiente de Vila Velha e Aracruz, conselheiro do Conselho Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Consema), e na Companhia Espirito Santense de Saneamento (Cesan).
Andreia garantiu que o motivo das exonerações não são as supostas fraudes denunciadas pelo deputado estadual Euclério Sampaio (de saída do PDT) no Sistema Conecta Meio Ambiente, limitando-se a afirmar que a razão seria um desgaste com a Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Seama).
Os servidores, reunidos no movimento “Não à extinção do Iema”, afirmam que a mobilização pelo fortalecimento do Iema como autarquia continua, pois, apesar da conivência da atual diretoriaa com as ações que quase extinguiram a instituição, o plano de transformá-la em duas subscretarias da Seama é do atual secretário, Aladim Cerqueira, e de sua subsecretária, Fernanda Rabelo, que chegou a acumular a função de diretora-administrativa do Iema.
“A saída da Andreia é parte de uma vitória, mas não garante a longevidade do Iema, por isso continuamos de olho. A extinção do Iema é um projeto do Aladim. O perigo ainda existe”, afirmam os servidores, lembrando que a extinção da autarquia e sua subordinação à Seama enfraquece a política ambiental capixaba, pois a Seama está altamente suscetível aos interesses e desmandos políticos em favorecimento às grandes empresas poluidoras e que, provavelmente, novos ataques serão feitos nesse sentido em 2018, ano eleitoral.
A falta de rigor do Iema na aplicação de medidas de redução da poluição do ar na Grande Vitória, ao que tudo indica, também deve continuar, mesmo com a saída de Andreia Carvalho, pois o nome que a substituirá, Jader Mutzig, é considerado entre os ambientalistas “homem de confiança” do governador Paulo Hartung, que é omisso sobre o problema, que se arrastra há meio século, impondo doenças e prejuízos financeiros ainda não calculados à população e ao sistemas público de saúde.
Conecta não funciona
Sobre as possíveis fraudes no Conecta, independentemente de serem ou não o motivo das exonerações, os servidores afirmam que têm feito diversas denúncias e pedidos de esclarecimentos à gestão do Iema, pois há vários indícios de irregularidades.
O sistema Conecta Meio Ambiente, alegam os servidores, não funciona. Criado a partir de uma conversão de multa da Vale, no valor de R$ 3 milhões – que não foi atualizado, apesar da multa ter sido emitida há alguns anos –, o Conecta é operado pela empresa EloGroup, do Grupo Lecom, que venceu a cotação de preços por apresentar menor orçamento.
A principal finalidade do Conecta é implantar o licenciamento online, porém, todas as ferramentas criadas até o momento são consideradas ruins, e o sistema digital está mais demorado que o anterior, em papel.
Os servidores reclamam maior transparência no repasse de recursos para a EloGroup, pois não sabem sequer qual o percentual do contrato já foi pago, além de denunciarem o repasse de parte dos valores da multa para outros fins, que não ambientais, como estabeleceu a Comissão de Conversão de Multas do Iema.
Parte do recurso já teria sido destinado à Secretaria de Estado de Gestão e Recursos Humanos (Seger) e outros órgãos e despesas, incluindo diárias do governo do Estado. “O que o servidor quer de imediato é que o Conecta seja suspenso e investigado, pois tudo indica que há irregularidades”, afirmam os membros do Movimento Não à Extinção do Iema.
As redes sociais e veículos da imprensa capixaba repercutem nesta quinta-feira denúncias do deputado Euclério Sampaio (PDT) que apontam para um suposto esquema de corrupção com favorecimento financeiro de Andreia Carvalho e envolvimento de outros quadros do secretariado do governo Hartung.