A cachaça crioula e o café do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) estão entre os destaque do catálogo de produtos, amparados legalmente e que têm alavancado a produção agroecológica do Espírito Santo.
As feiras, por sua vez, que no Estado experimentam uma expansão e enraizamento singular no território brasileiro, mostram a importância do contato direto entre o produtos e o consumidor e o poder dessa aproximação entre o campo e a cidade.
A construção da participação estadual no evento, a pleno curso, envolve as mais diversas organizações, coletivos e instituições afins, desde associações de produtores, passando por movimentos sociais, institutos de ensino e pesquisa e entidades de classe.
Nesse processo, almeja-se também avançar com o projeto de lei que cria uma Política Estadual de Agroecologia, cuja redação está em elaboração, e numa maior integração entre o norte e o sul do Espírito Santo, intensificando as trocas de experiências entre duas regiões com realidades tão distintas e tão complementares.
“Vamos unir essas estrelas numa constelação que guie o nosso povo no mar tempestuoso dessa conjuntura de golpe”, poetiza Douglas Fernandez, militante e técnico extensionista do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) no Estado, e um dos responsáveis pela organização da caravana capixaba e sua interlocução com os demais coletivos estaduais.
O momento é desafiador, acentua Douglas, devido às intensas lutas travadas no Estado, em função da crise hídrica e o consequente endividamento dos camponeses, além das mobilizações em nível nacional pela defesa dos direitos sociais e trabalhistas ameaçados pelo governo federal.
O não financiamento do Encontro Nacional por parte do poder público, este ano, é outro dificultador, que está obrigando as organizações a utilizarem recursos próprios e arrecadar parcerias para viabilizar o evento.
Douglas destaca que a Articulação Capixaba de Agroecologia (Aca) é composta majoritariamente por movimentos sociais, o que caracteriza a alta politização da Agroecologia capixaba. “Agroecologia não é só produzir livre de agrotóxicos, mas produzir sujeitos sociais coletivos”, pondera.
O evento
A Carta Convocatória do Encontro informa que o IV Ena deve reunir cerca de “duas mil pessoas de todos os estados do Brasil, sendo 70% de agricultores, familiares, camponeses, povos indígenas, comunidades quilombolas, pescadores, outros povos e comunidades tradicionais, assentados da reforma agrária e coletivos da agricultura urbana; 50% de mulheres e 30% de jovens diretamente envolvidas na construção da agroecologia em contraposição ao projeto dominante imposto por grupos do capital financeiro, industrial e agrário”.
O documento destaca o fato de Belo Horizonte contar com “experiências pioneiras de agricultura urbana, que dialogam com o direito à cidade. Há, ainda, iniciativas inovadoras de movimentos e coletivos que propõem a ocupação dos espaços públicos e o envolvimento das juventudes em ações culturais e de defesa de direitos”.
E enumera quatro objetivos do evento: apresentar, para amplos setores da sociedade, experiências do campo, das ???orestas, das águas e das cidades que mostram os múltiplos benefícios da agroecologia; manifestar posicionamento crítico e denunciar o desmonte das políticas públicas e violação dos direitos; estreitar laços e ampliar alianças do movimento agroecológico; e aprofundar o debate sobre os sentidos estratégico e político da comunicação e da cultura.