Indiferentes quanto aos riscos à saúde advindos do contato com a água contaminada, banhistas lotaram as praias de Vitória durante todo o Carnaval, apesar de todos os 26 pontos de banho monitorados pela Prefeitura Municipal estarem classificados como impróprios ou interditados, segundo a última classificação de balneabilidade, divulgada na véspera do feriado (9), e válido até esta sexta-feira (16).
“Com certeza será lembrado por muito e muito tempo o grande saldo negativo na área ambiental, da saúde e dos direitos humanos”, lamenta o ambientalista Eraylton Moreschi Junior, presidente da Juntos SOS ES Ambiental, nas redes sociais da entidade.
“Por que uma mãe leva seu filho pra uma água poluída, colocando a saúde dessa criança em risco? E por que as autoridades e responsáveis por garantir os direitos desses indefesos não estão atuando para protegê-lo?”, questiona, inquirindo também a Municipalidade, por não realizar campanhas de esclarecimento sobre o perigo do contato com as águas poluídas, nem mesmo sinalizar devidamente as praias, com placas informando a condição atual de balneabilidade.
Ainda em janeiro, a Juntos – SOS já havia solicitado à Prefeitura reposição de placas sobre balneabilidade em alguns pontos da orla, mas ainda não foi atendida.
Há cerca de um mês, a entidade também protocolou notificações nos Ministérios Públicos Estadual e Federal (MPES e MPF), para que adotem providências com relação à proteção dos indefesos.
No requerimento, a Juntos SOS solicita que os órgãos ministeriais atuem para que a população, especialmente os indefesos e incapazes, possam exercer atividades de lazer nas praias de Vitória, com garantias de segurança e da preservação da sua saúde e qualidade de vida.
No MPE/ES, o processo administrativo foi aberto para apuração dos fatos na 5ª Vara da Infância e da Juventude.
Culpa da chuva?
No site da Prefeitura de Vitória, a explicação para a má condição da balneabilidade das praias foi “a grande quantidade de chuvas na Grande Vitória durante mais de uma semana”. “É comum o carregamento de esgoto sanitário, lixo e outros detritos, inclusive de outros municípios, em direção às águas litorâneas, onde não existe um sistema separador absoluto de esgotamento sanitário ou quando existem ligações irregulares de esgoto na rede de drenagem pluvial”, alegou a bióloga Amanda Nogueira, integrante da equipe da Coordenação de Monitoramento Hídrico, Atmosférico e do Solo (CMAHS) da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Serviços Urbanos (Semmam).