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Cresce passivo da empresa com assassinatos na BR 101 por falta de duplicação

O passivo de crimes da EC0 101, a empresa concessionária da BR 101 no seu trecho capixaba, só cresce. A empresa não cumpriu o contrato que prevê a duplicação de mais 230 quilômetros até maio de 2019 – realiza o serviço em pequenos trechos -, o que contribui para que os acidentes se multipliquem.  
 
O último crime da empresa matou dois jovens. Eles morreram nessa terça-feira (20), em trecho não duplicado. O acidente ocorreu na altura do quilômetro 391, próximo da balança de Rio Novo do Sul. 
 
Marcos Antônio Ribeiro Soares, de 24 anos, e Welton Silva Ancheski, de 29 anos, morreram quando tentavam ultrapassagem em um fiat Uno em uma curva de um trecho não duplicado.  Invadiram a contramão, e bateram em uma carreta Scania. O Uno foi arrastado por cerca de 15 metros.
 
Imagens do local mostram com clareza que o trecho não é duplicado. A duplicação da pista nos dois sentidos poderia evitar a tragédia, na avaliação de especialista. Como a pista não é duplicada, acidentes com veículos batendo frontalmente caracteriza responsabilidade da concessionária. Isso porque não há saída possível para o condutor. 
 
O observador diz que quando os trechos são duplicados nos dois sentidos, raramente acontecem acidentes. Quando acontecem, são na parte traseira do veículo, com consequências minimizadas. 
 
Uma outra consideração é que os automóveis são produzidos para suportar batidas com a velocidade de até 40 quilômetros.  Os acidentes em sua maioria acontecem com os veículos em velocidade muito superior a esta.
 
Além da falta de duplicação por omissão da ECO 101 (empresa do grupo Ecorodovias, criado para administrar a BR 101), a rodovia no Estado enfrenta outro problema. Carretas,  principalmente transportando eucalipto e pedras, que têm até 30 metros de comprimento. E ainda formam comboios, agravando a situação.
 
As cargas destes veículos chegam a  ter mais de 100 toneladas. No espaço de cerca de 150 quilômetros da fábrica da Aracruz Celulose (Fibria) transitam cerca de 300 carretas transportando eucalipto, diariamente. 
 
No sul do Estado, predominam nessas carretas as cargas de pedras. A que se envolveu no ultimo acidente transportava farelo de trigo para Vila Velha, procedente do sul.
 
Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF),187 mortes foram registradas em 2017 nas rodovias federais do Estado. No balanço da policia, no Espírito Santo, 3.238 acidentes de trânsito foram registados no ano passado. Os acidentes feriram 3.559 pessoas, dos quais 1.004 com gravidade. No ranking nacional, o Espírito Santo ocupou o 11º lugar com mais acidentes.
 
Boa parte dos acidentes nas rodovias do Espírito Santo foram na BR 101. Dos acidentes de 2017, muitos foram extremamente graves. Um deles matou 23 pessoas no dia 22 de julho. O acidente, na  BR-101 em Guarapari, envolveu um caminhão, um ônibus da Viação Águia Branca, da linha São Paulo – Vitória, e duas ambulâncias, considerado a maior tragédia rodoviária do Estado.
 
O outro registro que comoveu o país  ocorreu  no dia 10 de agosto, em Mimoso do Sul. Igualmente na BR-101, a tragédia matou 11 pessoas e feriu nove. Bateram dois caminhões, um carro e um micro-ônibus, que transportava membros do grupo de dança Bergfreunde. 
 
No Espírito Santo, pela BR 101 um grande número de veículos transita em estrada sem duplicação, o que levou a acidentes como os de Guarapari e de Mimoso do Sul. 
 
A BR 101 deveria contar com mais 230 quilômetros duplicados até maio de 2019, como foi determinado no contrato original assinado em 2013, mas  o consórcio EcoRodovias Concessões e Serviços S.A. (ECS) quer alterar  o contrato, fazendo maquiagens, para se livrar de suas responsabilidades. Atualmente duplica apenas pequenos trechos.
 
Já foi denunciado que os empresários que assumiram a BR 101 reunidos na ECO 101, que tem a frente a Ecorodovias, não cumpriram a obrigação de duplicar vários trechos onde o trafego é superintenso e fogem da responsabilidade criminal pelas mortes em acidentes.
 
Em janeiro último, deixaram a concessionária o consórcio capixaba Centaurus Participações S/A, que detinham 27,50% das ações, e ainda o consórcio gaúcho  Grant Concessões, que tinha  14,5% das ações. As empresas eram de seis grupos empresarias: Coimex, Águia Branca, A. Madeira, Urbesa/Arariboia, Tervap, Contek.
 
 
 

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