Laudo de vistoria da equipe da Defesa Civil de Nova Venécia (noroeste do Estado) constatou que o reservatório de água da Estação de Tratamento de Água do bairro Cedrolândia, zona rural da cidade, apresenta risco parcial à integridade física, à vida e ao patrimônio. O laudo foi feito depois de suspeita de moradores, que denunciaram a estrutura precária da estrutura e o fornecimento de uma água com cor e gosto de ferrugem e oleosa. A comunidade, com receio de possíveis doenças pela contaminação, tem buscado água de cacimba e da chuva para beber e lavar roupas.
De acordo com o documento, assinado pelo coordenador municipal da Defesa Civil de Nova Venécia, Alderiones Leite, e pelo engenheiro Henrique Damasceno, “apesar de não apresentar avarias para um risco imediato, o reservatório possui patologias como trincas que causam vazamento e rede elétrica com avarias, colocando operadores e moradores em risco”.
O documento sugere ainda “que os responsáveis façam as correções necessárias para sanar o problema e que tais medidas sejam tomadas por profissional qualificado, visto que o quadro é evolutivo e tendo ao agravamento”.
A vistoria foi solicitada pela defesa jurídica dos moradores, que exigem providências do Comitê de Água de Cedrolândia (CAC), da Associação de Moradores, para quem a Companhia Espirito-Santense de Saneamento (Cesan) entregou o serviço de abastecimento de água em Cedrolândia. Com o resultado do laudo em mãos, também foi reivindicada uma reunião urgente com o CAC, para garantir que medidas sejam tomadas o quanto antes, preservando a comunidade.
Os moradores vem denunciando que o Comitê não tem nenhuma capacidade técnica para realizar o serviço e que os funcionários contratados pela associação possuem outros empregos e “passam pela caixa d'água” uma ou duas vezes por dia. Apesar da péssima qualidade do serviço, as contas de água são pagas mensalmente, no valor mínimo de R$ 18, mas que, segundo a comunidade, ficam sempre acima de R$ 25, chegando a mais de R$ 40 em algumas residências. A comunidade possui entre 300 e 400 casas.
A captação é feita em uma barragem construída pela Cesan no córrego que, antes de chegar à comunidade, passa por várias propriedades rurais, onde o uso de agrotóxicos é intenso. Em 2016, o córrego parou de correr a Cedrolândia passou a ser abastecida por carros-pipa.
No ano passado, um morador local resolveu abrir as duas cacimbas, ainda hoje utilizadas pela população para obter a água de beber. Todos os dias, se dirigem ao local com garrafões e baldes em busca de uma água, pelo menos visualmente, menos suja. Mas análises que confirmem a qualidade da água das cacimbas são desconhecidos pelos moradores ouvidos por Século Diário.
'Soluções individuais'
No documento Elaboração dos Planos de Saneamento Básico e Gestão Integrada de Resíduos Sólidos – Prognósticos e Alternativas para a Universalização, Condicionantes, Diretrizes, Objetivos e Metas”, elaborado pelo governo estadual em 2017 para onze municípios, é descrita a condição do abastecimento de Cedrolândia.
“O Sistema de Abastecimento de Água (SAA) de Nova Venécia é operado pela Cesan nas áreas urbanas dos distritos Sede, Santo Antônio do XV e Guararema e auxilia, conforme prescrições do programa Pró rural, na operação de sistemas menores implantados nas áreas rurais dos distritos e comunidades. Algumas áreas rurais contam com soluções individuais, cujos sistemas são operados pelos próprios beneficiários, podendo, em alguns casos, não ter assistência nem da concessionária nem da administração municipal”.
A publicação informa ainda, num trecho em que refere-se explicitamente a Cedrolância, alguns aspectos do serviço prestado pela associação local: “Não há informações acerca da adutora de água bruta; a bomba da EEAB não está funcionando; extravasamento dos floculadores na ETA [Estação de Tratamento de Água]; possibilidade de acesso de pessoas e animais na área do reservatório; reservatório encontra-se em mau estado de conservação; não há monitoramento de água tratada; não há informações a respeito da EEAT [Estação Elevatória de Água Tratada]; não há informação a respeito da vazão da captação”.