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Sesa desvia berços do tratamento de câncer infantil para abrir leitos no Heimaba

O recente episódio – que, inclusive, alcançou repercussão nacional – em que crianças e seus acompanhantes foram flagrados dormindo no chão do Hospital Infantil de Vila Velha (Heimaba) volta a ter novos desdobramentos. Após fotos que revelaram também bebês em leitos improvisados em cadeiras de plástico terem sido amplamente divulgadas em veículos de comunicação local e nacional, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), na figura do subsecretário Fabiano Marily, anunciou a antecipação de abertura de novas vagas (que estariam previstas para este ano) com mais 27 leitos. Isso dois dias depois do “escândalo” na saúde pública capixaba. 
 
Informações obtidas pelo Sindicato dos Trabalhadores na Saúde do Estado (Sindsaúde-ES) revelaram que, na verdade, a Sesa “descobriu um santo para cobrir outro”. Em visita de rotina ao Hospital Dr. Milena Gottardi, que funciona anexo à estrutura do Hospital da Polícia Militar e abrigou o Pronto-Socorro do Infantil de Vitória, representantes do Sindicato identificaram que os berços levados para abertura dos novos leitos de forma imediata no Heimaba foram “desviados” do novo setor de Oncologia Infantil, previsto para ser transferido de Santa Lúcia para Bento Ferreira. 
 
“Achamos estranho como os berços apareçam tão rapidamente para abertura dos novos leitos no Heimaba. Mesmo sendo administrada por uma Organização Social, é preciso de um tempo para compra e entrega dos móveis. Fomos descobrir, então, que a Sesa “descobriu um santo para cobrir o outro”. Achamos muito louvável a abertura de novas vagas no Infantil de Vila Velha, mas é preciso planejamento porque agora estão sendo prejudicadas as crianças que precisam de tratamento contra o câncer”, disse o diretor de Comunicação do Sindsaúde-ES, Valdecir Nascimento.
 
Para o diretor, há ainda outra preocupação. Como o Heimaba é administrado por uma OS, caberia ao setor privado fazer a compra dos novos materiais. Nesse caso, o governo fez a transferência de mobiliário comprado com recursos públicos para uma unidade administrada por Organização Social. 
 
Acesso à Informação

 

O Sindsaúde-ES resolveu, ainda, ingressar na Justiça para, por meio da Lei de Acesso a Informação, ter acesso à quantidade real de óbitos registrada no Hospital Infantil de Vila Velha (Heimaba), após a terceirização da unidade, ocorrida em setembro no ano passado. 

 

Desde os primeiros meses em que a Organização Social (OS) da Bahia Instituto de Gestão e Humanização (IGH) assumiu a gestão do Heimaba, há denúncias de que as mortes no hospital estão ocorrendo três vezes mais, comparadas à época que a unidade era gerida pelo Estado. Apenas no período de virada do ano e primeiros dias de janeiro de 2018, há relatos de que nove bebês prematuros morreram na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (Utin) do Heimaba. 
 
“Essa empresa IGH é problemática, tem processos em outros estados, deve fornecedores, não indeniza seus funcionários; nunca deveria estar no Heimaba. Além disso, contrata trabalhadores por baixos salários e que precisam fazer a função de três ou quatro. Coloca profissionais inexperientes em serviços especializados, como é o caso da UTI Neonatal”, disse a presidenta do Sindsaúde, Geiza Pinheiro, que completou: “A gente que saber onde o IGH e as outras OSs que estão administrando os hospitais públicos do Estado estão empregando o dinheiro que recebem. O governo manda dinheiro do contrato, manda mais dinheiro por aditivos, a Assembleia manda dinheiro por emenda parlamentares, e não vemos melhoras no atendimento”, desabafou Geiza. 
 
Consulta à Serasa Experian, serviço de proteção ao crédito, revelou que o Instituto de Gestão e Humanização (IGH) tem diversas dívidas em aberto com empresas subcontratadas para compra de material e serviços, que somam R$ 350 mil. A pesquisa aponta, ainda, que a OS deve desde empresas que vendem equipamentos hospitalares a produtos como gás de cozinha, incluindo fornecedores do Heimaba.   

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