Fotos: Leonardo Sá
Em festa realizada em frente ao teatro da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) na noite dessa sexta-feira (16), o deputado federal Givaldo Vieira, que deixou o PT depois de 29 anos para se filiar ao PCdoB, teve sua candidatura à releição lançada pela presidenciável do partido, Manuela D’Ávila.
O ato contou com a participação do ex-governador Renato Casagrande (PSB) e do prefeito de Vila Velha, Max Filho (de saída do PSDB), e também do prefeito de Baixo Guandu, Neto Barros, confirmando o grupo de oposição ao governador Paulo Hartung. Já o prefeito da Serra, Audifax Barcelos (Rede), somente passou por lá.
O tom dos discursos foi duro e condenou o golpe e a política de retrocesso em todos os níveis. Givaldo, Manuela e as demais lideranças presentes ao evento criticaram a dominação do grupo de Paulo Hartung, dizendo que “chegou a hora de uma nova política no Estado”
Manuela D’Ávila exaltou a trajetória política de Givaldo e disse que as “suas lutas são as mesmas do PCdoB”. Ela se posiciomou contrária ao afastamento da presidente Dilma Rousseff e ao governo ilegítimo que tomou o poder.
Manuela defendeu ainda o direitos das mulheres e justificou ser pré-candidata para “representar um projeto de desenvolvimento que responda ao que o golpe representa para o Brasil, com retomada do crescimento econômico, fortalecimento da indústria nacional e garantia de direitos sociais”. E defendeu o direito de o ex-pesidente Lula candidatar-se à Presidência da República.
A pré-candidata a presidente sustenta, ainda, um referendo revogatório para reverter leis aprovadas pelo Governo Temer, como a reforma trabalhista e a entrega do pré-sal às multinacionais.
No início de sua fala, Givaldo falou da alegria em se filiar ao partido. Ele chamou o cacíque Toninho, representante dos povos indígenas, para um momento de oração, que foi feita na língua Guarani.
Givaldo falou das caravanas, de norte a sul do Estado, citando sindicalistas, jovens, mulheres, lavradores, professores, sindicalistas e destacou: “Aqui não tem gente que é mandada para aplaudir. Eles vieram para me dar um abraço e dizer que a minha decisão foi acertada”, destacou.
“Acabou o tempo da unanimidade”, convocou Neto Barros, numa referência a Hartung, para criticar em seguida os gastos de propaganda oficial.
O “Ato Cultural e Político em Defesa da Democracia” reuniu militantes do partido e de outras siglas, incluindo a presidente nacional do PCdoB, a deputada federal Luciana Santos, de Pernambuco e a deputada federal fluminense Jandira Feghali.
A saída de Givaldo do PT foi traumática e ocorreu quando ele começou a se sentir sem espaço a partir da derrota nas eleições para o comando do partido no Estado, em abril de 2017. Integrante de um grupo contrário à permanência do partido no governo Hartung, o deputado denunciou manobra na disputa para atender aos interesses do atual presidente do partido, João Coser.
Para o PT, a saída do deputado, embora esperada, representa uma baixa significativa no processo de articulações, considerando o seu potencial de votos, já testado nas urnas. Sem espaço, depois da derrotada para o grupo de João Coser, Givaldo viu desaparecer sas chances de reeleiçção.
Do lado do PCdoB, a escolha ocorre pelo viés ideológico, o que fortalece a legenda, considerando que o partido ganhará uma nova conformação liderada pelo deputado. Diferente de mudanças oportunistas, comuns nesse período de ano eleitoral.