O intempestivo lançamento da candidatura do ex-governador Renato Casagrande (PSB), ocorrido há poucos dias, marcou o início do processo eleitoral que, até então, corria pelas manobras solitárias do governador Paulo Hartung.
A candidatura de Casagrande ao governo vem daquela matriz que ele e PH construíram juntos no passado e que recebeu o nome de Unanimidade e, como já disse aqui, produziu não só os mandatos de PH, como também o do próprio Renato Casagrande.
Os dois adversários dentro do atual processo eleitoral têm tudo a ver, mas não os retira da condição anterior de serem os que acolheram e produziram parte do empresariado capixaba, que enriquece como satélite do governo e banca e se dispõe a bancar a continuidade de ambos.
Então, PH versus Casagrande tem a origem na Unanimidade. Quer dizer, a vitória de um ou de outro fortalece este núcleo empresarial que joga casado com as multinacionais. PH no poder é deles; Renato no poder, também é deles.
Nesse contexto, prevejo PH e Casagrande batendo de frente, mas como também já afirmei outras vezes, ambos com a cautela de não mostrar o que fizeram juntos nesse período de três mandatos de PH e um de Casagrande. Um preservando o outro.
Oposição à Unanimidade, mesmo, só existe com a candidatura do prefeito de Vila Velha, Max Filho (de saída do PSDB). Não à toa, ele está cercado por todos os lados para encontrar um partido político que lhe permita trazer para a disputa eleitoral uma oposição real no Estado.
Quando tudo parecia certo com sua ida para o DEM, eis que volta à situação anterior de dificuldade de achar um partido, já que o DEM hoje no Estado está em poder do casal Teodorico Ferraço e Norma Ayub.
Aliança que não combina com a trajetória de Max Filho. Não dá “liga”, muito embora, juntos, fizessem um estrago muito grande, sobretudo, nas aspirações de PH.
Dizer que Max Filho vai viabilizar sua candidatura, posso até dizer, mas que estão fechando as portas partidárias para ele, isso estão!
Não posso deixar de destacar a senadora Rose de Freitas (MDB) na sua maneira sempre enigmática de quem tem condições plenas para disputar as eleições. Não tem como ignorá-la, pois está por aí fazendo seus estragos a PH, mesmo que fale bem dele em alguns momentos, como no episódio do aeroporto. Fala bem, fala mal, e vai sobrevivendo.
Rose uma incógnita, Max Filho cercado, tudo isso favorece a quem? Do outro lado, PH e Renato Casagrande e, como consequência, a vitória das elites econômicas capixabas, que produziram todo este aparato que tem como porta-voz o ES em Ação.
Esse é o cenário, já dito outras vezes. Mas seria incoerente buscar outro caminho para analisar as eleições do Estado.