A intenção é criar uma frente ou comitê permanente de luta, que irá trabalhar a mobilização das comunidades mais fragilizadas e também a pressão sobre os governos, para que adotem políticas públicas necessárias nesses territórios, como saúde, educação, cultura, lazer, esportes, assistência social, serviços urbanos e segurança pública propriamente dita.
Cerca de 40 organizações já estão mobilizadas nesse sentido e mostraram sua unidade e força durante o Ato em Memória de Damião e Ruan Reis, ocorrido no último dia 28 de março, no centro da cidade.
Ao final da marcha, que saiu do início da Avenida Jerônimo Monteiro e culminou em frente à escadaria do Palácio Anchieta, uma comissão de jovens tentou protocolar um requerimento de audiência com o governador. O pedido, porém, foi negado por uma funcionária, que os encaminhou para uma segunda tentativa no Palácio da Fonte Grande, na Rua Sete. A falta de respeito com a dor das comunidades e a necessidade urgente de presença efetiva do Estado, foi registrada pela TV Século, que acompanhou todo o Ato.
Ocupar o Palácio
Lula Rocha, do Círculo Palmarino/ES, uma das 40 organizações que participam da mobilização, diz que uma das ações que serão discutidas nesta quarta-feira é uma ocupação do Palácio Anchieta, caso os coletivos não recebam, até o momento da Plenária, nenhuma resposta do governador sobre o pedido de audiência.
Há uma crise na segurança pública do Espírito Santo, afirma Lula. “Se o governo continuar com essa postura autoritária de não receber os movimentos sociais, a situação só deve piorar”, argumenta.
“Precisamos cobrar investigação do caso [dos irmãos Ruan e Damião Reis], mas também ampliar. A luta é permanente, precisamos criar perspectivas”, afirma o defensor dos direitos humanos.
Juan e Damião eram dois jovens moradores da Piedade, com 19 e 22 anos, respectivamente. Damião, especialmente, era muito conhecido e querido, por seu ativismo social na Pastoral da Igreja, na capoeira e na escola de Samba Unidos da Piedade, onde era passista.
Os dois vinham de uma das famílias mais tradicionais do lugar e foram executados com mais de 40 tiros e, até o momento, a Polícia Civil não deu qualquer retorno às famílias sobre as investigações. E a comunidade da Piedade, onde eles viviam, bem como todo o Território do Bem Maior, da qual ela fazia parte, não recebeu qualquer política pública que possa reduzir a violência cotidiana a que essas famílias são relegadas, por omissão do Estado.
Serviço:
2ª Plenária de Luta Contra o Extermínio da Juventude Negra no Espírito Santo
Data: 04 de Abril, 17h30
Local: Mucane – Museu Capixaba do Negro
Mais informações: https://www.facebook.com/events/103047510533227/