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MAB: ‘Falta organização e profissionalismo na Fundação Renova’

A “alta eficiência e profissionalismo” propalados pela Fundação Renova e sua proprietária, Samarco/Vale-BHP, além de terem permitido a ocorrência do maior crime ambiental do país e o maior da mineração mundial, são sistematicamente inexistentes quando se trata do relacionamento com as comunidades atingidos pelos mais de 50 milhões de metros cúbicos de rejeitos de mineração que começaram a jorrar da barragem de Fundão, em Mariana/MG, quando a mesma se rompeu no dia cinco de novembro de 2015.

Ausências em reuniões sem justificativas plausíveis; falta de materiais para apresentações de seu ponto de vista e mesmo para anotações das discussões e demandas levantadas em audiências e assembleias; e pouca habilidade para lidar com situações de conflito são algumas das falhas observadas pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) na performance da Fundação Renova.

“Eles são muito amadores. A sensação é de que falta organização e comunicação interna entre os diversos setores da Renova”, opina Heider Boza, do MAB/ES, ao relatar os resultados da assembleia de atingidos ocorrida nessa segunda-feira (23) em Linhares, no norte do Estado.

A assembleia havia sido agendada há um mês, após a segunda reunião de abertura de diálogo realizada na sede da Defensoria Pública do Espírito Santo (DPE-ES), no dia 27 de março, com a presença da Comissão dos Atingidos por Barragens do Espírito Santo, do MAB, DPE-ES, Comitê Interfederativo (CIF) e Fundação Renova.

Na última hora, no entanto, para justificar sua ausência, a Renova disse que não havia conseguido avançar muito em seu “dever de casa”, e pedia adiamento da assembleia. “Não aceitamos mais um pedido de adiamento. Estavam os atingidos em peso, a Defensoria, o Ministério Público”, conta Heider.

Diante da não desistência dos presentes, a Renova acabou por enviar um representante, com uma hora e meia de atraso, “que não conseguia responder a nenhuma pergunta”, reclama Heider.

A despeito da “desorganização, falta de profissionalismo e de respeito aos atingidos e entidades que os defendem” da Fundação Renova, a assembleia seguiu seu fluxo, com alinhamento das demandas e próximos passos da luta, entre MPF, DP-ES e atingidos. Entre eles, o Programa de Indenização Mediada (PIM) e análises da qualidade da água com acompanhamento dos atingidos.

A próxima assembleia ficou agendada para o dia 22 de maio, às 14h, em Linhares, em local a ser definido pela Renova, que deverá garantir transporte e alimentação para os participantes e divulgar o compromisso em suas redes sociais. O estorno dos custos individuais feitos para participação nesta assembleia também está sendo cobrado, bem como um pedido de desculpas. “Exigimos um pedido formal de retratação publicados em suas [Fundação Renova] redes sociais”, afirma o ativista do MAB/ES. 

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