Está marcada para as 10h45 desta quinta-feira (26), no Fórum de Boa Esperança (noroeste do Estado), a audiência do processo contra o seminarista Wilson Rodrigues do Nascimento, denunciado pelo assessor jurídico da Câmara de Vereadores, Samuel da Rocha Verny, por crime de calúnia e difamação, em decorrência dos protestos que envolveram também o padre Romário Hastenreitter contra a reforma Trabalhista.
O seminarista é ligado ao padre Romário, acusado e depois perdoado pelo senador Magno Malta (PR), em março deste ano, por supostamente tê-lo ofendido em pronunciamento contra a mudança na lei. Na época, o seminarista, que participa dos movimentos sociais da paróquia, se envolveu nos protestos.
Em nota, a comunidade católica do município manifesta sua solidariedade ao seminarista. “Vivemos tempos difíceis no Brasil. Inferir sobre a Liberdade de Expressão viola princípios básicos dos Direitos Humanos. Acreditamos na Justiça e cremos que não terá outra finalidade a não ser pela improcedência da ação judicial”.
E finaliza: “Quando o diálogo e o debate são substituídos por ameaças, perseguições e ofensivas na Justiça, e isso é tratado com normalidade, estamos enterrando a democracia e aceitando a barbárie”.
Wilson informou que está tranquilo e que o processo não conseguirá retirá-lo dos movimentos sociais contrários às injustiças. Ele destaca, porém, que não pretende ofender a ninguém.
Na época do processo contra o padre Romário, quando o caso de Wilson veio a público, ele disse que foi ameaçado por um grupo político loção. “Eles me empurraram em frente à igreja”, apontou.
O motivo da agressão, de acordo com Wilson, foi uma postagem nas redes sociais que ele fez também sobre a reforma Trabalhista. Ele participou ainda, junto com o padre, da mobilização popular de dezembro do ano passado, que resultou na efetivação da lei popular que proíbe a pulverização aérea de venenos no município.
Na ocasião, a Comissão de Produção Orgânica do Estado do Espírito Santo (CPOrg), que reúne agricultores e técnicos de diversas associações e instituições envolvidas com a Agroecologia e Produção Orgânica do Estado, divulgou nota em solidariedade ao padre e “demais ameaçados em Boa Esperança, em virtude da grande mobilização popular”.