Convocada por Roberto Martins (PTB), a pedido de pessoas da base da categoria, o objetivo é dar voz aos professores, para que as negociações sobre melhoria de salários e condições de trabalho avancem.
“Os professores precisam ser ouvidos pela sociedade. A forma como foi conduzida a negociação em relação às demandas da categoria por parte do Executivo deixou lacunas que ainda estão abertas, principalmente dentro das salas de aula da Cidade Educadora. É preciso maturidade para se cumprir os acordos firmados em relação ao retorno dos professores à sala de aula”, destaca o professor de história e vereador Roberto Martins.
“Está sendo sofrido”, afirma Washington Rocha, membro da Coordenação Municipal 2018 do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Espírito Santo (Sindiupes), após a reunião de negociação realizada na manhã desta quinta-feira (10) entre a prefeitura e a categoria.
A reunião acontece quinze dias após o encerramento da greve dos professores de Vitória, que durou quase um mês, de 26 de março a 24 de abril, e chegou a atingir 70% das escolas, afetando quatro mil professores e 35 mil estudantes.
“Não esperávamos isso dessa administração, fomos pegos de surpresa”, desabafa, referindo-se às violentas retaliações promovidas pela administração do prefeito Luciano Rezende (PPS), que incluíram a demissão de pelo menos dois professores e o corte de ponto de 30 dias de centenas deles.
No momento, avalia, é preciso “ter serenidade para saber como agir daqui para frente”, sem excluir, porém, a possibilidade de novos movimentos paredistas.
A principal reivindicação é a reposição das perdas inflacionárias dos últimos quatro anos, período em que Luciano Rezende não cumpriu com a lei e não realizou qualquer tipo de reajuste, tendo anunciado apenas um percentual de 3% referente a 2017, quando, no total, as perdas chegam a 28,5%.
Também integram a pauta de luta: o cumprimento do Plano de Cargos e Vencimentos; o pagamento do auxílio-alimentação para quem tem duas cadeiras na rede municipal; a qualificação das compras públicas para a obtenção de materiais escolares de melhor qualidade; e a reforma e manutenção dos prédios públicos.
'Queremos que a prefeitura reconheça os 28,5%'
Fazendo um extrato dos resultados da reunião desta quinta-feira, Washington destaca a promessa de pagamento, a partir de julho, das progressões (horizontais e verticais, como quadriênio, quinquênios e merecimento), o que configura um atendimento ao Plano de Cargos e Salários.
Sobre o reajuste inflacionário, foi definido que será feito um ajuste na informação sobre os 3% concedidos, de que se refere a 2014, e não 2017. Mas o percentual todo ainda não foi alcançado. “Queremos que a prefeitura reconheça os 28,5%”, ressalta o sindicalista, sugerindo que ele poderia ser pago ao longo dos anos de 2019 e 2020, por meio de um calendário de pagamento. O assunto ainda será tratado em futuras reuniões de negociações, sendo a próxima agendada para o dia 12 de junho.
Outros pontos definidos na reunião desta quinta-feira incluem: a criação de um Grupo de Observação das negociações entre Executivo e Sindicato; o estorno dos salários cortados antes e durante o movimento grevista, por meio de folha suplementar, ainda este mês; a reposição das aulas por meio de calendário a ser publicado em portaria específica da Seme; e apreciação dos recursos feitos contra a exoneração de servidores demitidos em retaliação à greve.
Audiência
Para a audiência da próxima terça-feira (15), o vereador Roberto Martins diz que a participação do Executivo está sendo aguardada, seja do prefeito Luciano Rezende (PPS), da secretária de Educação, Adriana Sperandio, ou outro representante da administração municipal.
O último compromisso da Seme na Câmara, no entanto, não foi honrado pela secretária Adriana, que deveria ter feito a prestação de contas de sua pasta no último dia 25 de abril – um dia após o encerramento da greve pelos professores – , mas ela simplesmente não compareceu, enviando, na véspera, um ofício comunicando antecipadamente a ausência. “O prazo já foi extrapolado. Acredito que a prestação de contas perdida desse primeiro quadrimestre vai ser feita juntamente com o segundo”, avalia Roberto Martins.
Desde o fim da greve, todos as manifestações, atos, reuniões e assembleias previstos para acontecer, dando continuidade ao movimento reivindicatório, foram sendo cancelados um a um. O medo de mais retaliações é grande e tem silenciado toda forma de manifestação pública por parte da categoria.
Serviço:
Audiência pública “O Movimento Grevista dos Professores
Data: 15 de maio, à 19h
Local: Auditório da Câmara de Vereadores, na Av. Marechal Mascarenhas de Moraes, 1788, em Bento Ferreira.