A Feira Literária Capixaba (Flic-ES) surge de uma inquietação de seus organizadores: as livrarias não vendem livros capixabas. É raro, difícil, improvável encontrá-los nas lojas e grandes redes. “O escritor capixaba geralmente só consegue vender livros no lançamento e, com sorte, alguns conseguem fazer outras atividades em escolas ou outros espaços e vender alguns mais”, diz Ester Abreu, presidente da Flic-ES, que acontece de 23 a 27 de maio, no campus da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) em Goiabeiras, Vitória.
Para visibilizar a farta e frutífera produção literária e artística realizada no Espírito Santo, a feira busca se consolidar cada vez mais como espaço de divulgação, reconhecimento e valorização da produção capixaba. A organização estima que cerca de 10 mil pessoas devem participar das atividades gratuitas durante os cinco dias, em que haverá palestras, mesas redondas, contação de histórias, atrações culturais, musicais, danças típicas, espaço para artesanato, leitura, exposições de artes e praça de alimentação com food trucks. Ao todo serão lançados mais de 80 livros de autores de 10 municípios do Estado.
A Flic-ES, que em edições anteriores já aconteceu na Praça do Papa e na Fábrica de Ideias, encontrou na Ufes uma boa anfitriã. A Universidade, além de possuir amplo espaço, grande circulação de pessoas e fácil acesso, também tem dado apoio à feira mesmo quando ocorria em outros lugares. “A Ufes tem feito um papel que os políticos não estão fazendo. Tivemos apoio pequeno via emendas parlamentares, mas é muito pouco. A feira é para mostrar a cultura do Espírito Santo, dar visibilidade, incentivar a participação de escritores”, diz Ester Abreu, que também lançará livro durante a Feira.
Na próxima quarta-feira (23), o evento tem início às 9h, com uma jornada de lançamentos de seis livros pela manhã, seis pela tarde e dois pela noite, além de diversas atrações culturais durante o dia. A abertura oficial acontece às 19h, com participação da Orquestra Camerata Sesi-ES, seguida de uma palestra sobre Afonso Claudio de Freitas Rosa, a cargo do professor Francisco Aurélio Ribeiro, presidente da Academia Espírito-Santense de Letras.
Afonso Claudio de Freitas Rosa, que além de primeiro governador do Espírito Santo, foi um dos mais notáveis escritores do Estado, é o homenageado da Flic-ES e dá nome também ao III Prêmio Capixaba de Literatura, que será entregue durante o evento, reconhecendo obras inéditas nas categorias ensaio e ilustração.
A inclusão social é uma das preocupações da Feira, que este ano tem como uma das atrações uma atividade de contação de histórias em libras, com Ana Cláudia Terrazas. Grupos de cultura popular com banda de congo, danças folclóricas pomeranas e folia de reis estarão presentes nutrindo o espaço da cultura de diversas partes do Espírito Santo.
Outras linguagens como cinema e artes visuais, ética e até matemática também serão abordados em debates, levando em conta seus possíveis diálogos com a literatura. Discussões sobre o mundo literário e seus desafios como questões de raça e gênero, a marginalidade, a produção infantil, regional, a distribuição e circulação, a qualidade editorial e as academias regionais de letras também estarão presentes na ampla programação do evento.
Quem comparecer, portanto, poderá ter acesso a diversas produções literárias locais e debater sobre diversas questões que envolvem a literatura capixaba, além de desfrutar de atrações culturais.
A realização da Flic-ES é da Academia Feminina Espírito-Santense de Letras (AFESL), da Academia Espírito-Santense de Letras (AEL) e do Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo (IHGES).
AGENDA CULTURAL
Feira Literaria Capixaba
Quando: 23 a 27 de maio
Onde: Auditório do Centro de Ciências Exatas (CCE) e tendas nos arredores no campus da Ufes em Goiabeiras