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Campeonato de Lançamento de Guimbas ironiza tolerância com a poluição do ar

O II Campeonato aberto de Lançamento de Guimbas em Chaminés acontece no próximo domingo (3), no Ateliê Kleber Galvêas, na Barra do Jucu, em Vila Velha, no encerramento da 22ª edição do Projeto A Vale, a Vaca e a Pena, e como parte da programação da Semana Mundial do Meio Ambiente.

Trata-se de um protesto lúdico contra a incoerência governamental de ser condescendente com a poluição do ar provocada pelas indústrias instaladas na Ponta de Tubarão – Vale e ArcelorMittal –, que atinge a toda a população de forma involuntária, ao mesmo tempo que é rigoroso no combate ao tabagismo, também uma questão de saúde pública, porém, de caráter mais privado.

“Os governos investem agressivamente contra o tabagismo, vício sabidamente prejudicial à saúde, entretanto, opcional e particular; mas são condescendentes com a poluição que é pública e prejudica a saúde de nós todos, pois não temos como evitá-la, nem existe tratamento para alguns de seus males, entre eles, a silicossiderose, além de causar mais despesas para o Sistema Único de Saúde (SUS)”, comenta o pintor Kleber Galvêas, organizador do evento.

O vencedor ganhará um fim de semana, com direito a acompanhante, no Hotel Pousada Eco da Floresta, em Pedra Azul, Domingos Martins, “respirando o ar puro das montanhas”, convida o artista-ativista. Além de uma tela com tema de natureza, pintada por ele, e uma compota de jenipapo, “fruta muito usada no tratamento de bronquite e excelente tônico para os pulmões”, explica.

Os competidores receberão três guimbas virgens de cigarro, fornecidas pelo Ateliê, para lançarem em direção a quatro miniaturas de chaminés, simbolizando as indústrias da Ponta de Tubarão, localizadas a três metros de distância. Sairá vencedor quem obtiver o maior número de acertos.

Na divulgação do evento, Kleber reproduz um trecho do livro Identidade Capixaba, de 2001, que conta a milenar convivência do ser humano com a fumaça – anterior ao surgimento do Homo sapiens – oriunda da queima de diversos materiais e o ineditismo atual, da ingestão de ferro e outros poluentes industriais, com consequências que ainda desconhecemos.

“Não se encontram fósseis de humanos nos longos períodos glaciais, o que nos leva a crer que o número de indivíduos diminuía muito durante os anos em que o gelo se espalhava pela terra e a convivência com a fumaça era contínua. Durante as glaciações, só sobreviveram e se reproduziram aqueles que usando o fogo para se aquecer, suportaram a fumaça o dia todo em abrigos pouco ventilados. Fumaça oriunda da queima de madeiras, cascas, folhas e até fezes, que liberavam gases, alcatrão e alcaloides, entre esses, a nicotina”, conta.

“Hoje, respiramos gases e partículas (ferro) que escapam das indústrias. É experiência nova, nenhuma geração foi testada. Somos cobaias”, reclama. “Enquanto o capixaba respira cada vez mais ferro, as indústrias alcançam lucros astronômicos multiplicando a produção, sem resolverem os problemas que criaram”, protesta, citando os problemas e custos com saúde, higiene, danos a equipamentos eletroeletrônicos, entre outros. 

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