O sindicato que representa os servidores que atuam na saúde pública estadual – Sindsaúde-ES – prepara uma série de protestos como reação ao anúncio da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) de privatizar mais seis hospitais até o final deste ano. O projeto, que já esta sendo anunciado desde março, foi “colocado na geladeira” depois de sucessivos escândalos, incluindo mortes de recém-nascidos, na última unidade a ser terceirizada, o Hospital Infantil de Vila Velha, Himaba.
Na manhã desta quarta-feira (4), diretores do sindicato realizaram uma reunião de emergência para definir as próximas ações. Ficou definido um calendário de atos e manifestações públicas com o intuito de alertar a população sobre o caráter prejudicial da privatização; a primeira dela, sem local definido, no próximo dia 18. “Vamos entregar panfletos em praças públicas para explicar todos os malefícios da terceirização. Temos exemplos tristes, como a morte de bebês no Hospital Infantil de Vila Velha, que poderiam ser evitadas, caso a unidade não tivesse sido entregue para uma empresa privada”, afirma o diretor de Comunicação do Sindsaúde-ES, Valdecir Nascimento.
A liderança sindical relembra também as promessas de melhoria que não se concretizaram em outras unidades hospitalares privatizadas/terceirizadas. “O que se vê são pacientes jogados nos corredores e um atendimento sem nenhuma dignidade, além da falta de valorização e das péssimas condições de trabalho”, acrescenta.
Novo modelo de Gestão
Em março deste ano, o secretário de Estado da Saúde, o economista Ricardo de Oliveira, resolveu apresentar ao Conselho Estadual de Saúde “O Novo Modelo de Gestão”, como é chamado oficialmente o projeto de entregar as gerências das unidades públicas a empresas privadas.
Esse plano, entretanto, já vem sendo executado desde 2009, sem ter passado pelo controle social do Conselho, quando o Hospital Central de Vitória foi entregue à Associação Congregação de Santa Catarina, primeira Organização Social a atuar no Estado. Até outubro do ano passado, outras três unidades foram terceirizadas, também sem consulta ao órgão: Jones dos Santos Neves (Serra), São Lucas – hoje Hospital Estadual de Urgência e Emergência (HEUE/Vitória) – e o Hospital Infantil de Vila Velha.
Agora, a Sesa pretende ampliar a terceirização, por atacado, para outros seis hospitais estaduais, incluindo unidades do interior: Dr. Alceu Melgaço Filho, em Barra de São Francisco; Roberto Arnizaut Silvares, em São Mateus; Silvio Avidos, em Colatina; Antônio Bezerra de Faria, em Vila Velha; Dório Silva, na Serra; e Infantil de Vitória.
Para o Sindsaúde-ES, a entrega dos hospitais públicos a empresas privadas tem causado uma série de problemas. As OSs substituem servidores de carreira por trabalhadores inexperientes que recebem salários abaixo da média, com a clara intenção de redução de custos.
A presidente do Sindsaúde-ES, Geiza Pinheiro, ressalta que a bandeira do Sindicato é defender um modelo público de saúde, que, para funcionar, precisa de investimentos, atenção e responsabilidade dos governos.
“A terceirização tem pressionado os servidores e desviado recursos públicos para empresas privadas. Recursos que poderiam ser bem administrados pela própria Secretaria. Mas parece que eles atestam a própria incompetência entregando esse trabalho à iniciativa privada”.