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Os Incontestáveis: filme capixaba estreia no circuito nacional

Finalizado no apagar das luzes de 2016, e tendo circulado por mais de 20 cinemas em 14 países desde 2017, o filme Os Incontestáveis, rodado no Espírito Santo, se prepara para circular no circuito nacional de cinema a partir do próximo dia 9 de agosto. Até o momento está confirmado que o filme entrará em cartaz em Vitória, Rio de Janeiro, Nitéroi e Salvador. Em breve, novos locais de exibição podem ser anunciados. Na capital capixaba, o Cine Jardins exibe a primeira sessão no dia 9 às 19h30. No dia 21, o Cine Sesc Glória realiza sessão especial do filme, em horário ainda por confirmar.

Aventura, paisagens, humor e non-sense se misturam. A obra, definida pelo diretor Alexandre Serafini como um “road movie western rock'n'roll psicodélico”, aborda a aventura de dois irmãos nada convencionais que viajam pelo Espírito Santo e Minas Gerais a bordo de um Opala e em busca de um Maverick que havia pertencido ao não muito querido pai de ambos. “É uma história mal resolvida, uma espécie de vingança pela herança que o pai os não deixou”, explica o diretor. 

O roteiro de Os Incontestáveis surgiu a partir da parceria de Serafini com o escritor Saulo Ribeiro, juntando cacos de projetos inacabados para formar um novo. Taí talvez esse mosaico que nos chega à telona. Por mera coincidência, no mês passado Saulo publicou o livro de mesmo nome e história, guardadas as proporções da diferença entre a linguagem fílmica e a literária.

De acordo com Serafini, a presença dos carros poçantes tem chamado a atenção do público, a partir da atmosfera de aventura e suspense bem construída no trailer oficinal do filme. 

Os personagens principais são interpretados por dois atores iniciantes mas conhecidos do público capixaba. Fábio Mozine, verdadeiro patrimônio do hardcore capixaba, criador do selo Jaja Records e integrante dos grupos Mukeka Di Rato, Os Pedrero e Merda, interpreta Belmont (ou simplesmente Bel), o irmão mais velho e mais escroto do rolê.  Antipático, resmungão, fanfarrão.

“Quando a gente tava escrevendo o roteiro, não sei dizer o porquê, mas nos veio a imagem do Mozine. Isso contaminou tanto a gente que pensamos que tinha que ser ele. Comecei um longo processo de convencimento, já que ele é músico, não ator, e não estava mesmo afim”.

Quando aceitou, Mozine trouxe como sugestão para o papel de seu “irmão cinematográfico” outro músico, Will Just, integrante do The Muddy Brothers, que interpreta Maurício (Mau). “Fizemos alguns testes e rolou uma química interessante entre eles para fazerem dois irmãos. Trabalhei dentro do alcance dramático deles. Quando o filme está chegando no ápice fica mais psicodélico e os personagens mais caricatos e também  funcionam bem”, diz Alexandre Serafini.

Os irmãos Bel e Mau são espécies de anti-heróis, não carregam algo atraente em seus carismas. “Os espectadores querem acompanhar até onde vai a aventura meio catastrófica desses dois irmãos, essa busca destrutiva deles”. Um ponto alto do filme é a trilha sonora baseada no stoner rock, pesado mas arrastado, composta especialmente para a obra por Mozine e Will.

O filme avança pelo universo masculino no espírito sexo, drogas e rock'n'rol – e carros antigos-, o que lhe valeu críticas sobre a representação das mulheres na obra, em papeis sexualizados, secundários e com pouca falas. Serafini se esquiva das críticas. “O filme olha para a questão masculina abordando personagens corroídos por elementos do homem como a competitividade, o machismo. O filme tem foco nessa masculinidade corroída deles”.

O cenário de “western” capixaba tem como palco principal o município de Ecoporanga, no extremo norte. Ainda que como uma provocação histórica com grandes pitadas de non-sense, o filme deixa para o público capixaba a sutil sugestão de buscar mais sobre uma parte praticamente desconhecida de sua história: a rebelião camponesa e a formação do Estado da União de Jeová, sob liderança de Udelino de Matos na Região do Contestado, entre Espírito Santo e Minas Gerais.

“O filme não desenvolve isso de forma muito didática, pois não é a proposta. Mas só de levantar o interesse é importante. Temos que saber o que aconteceu aqui. Não tivemos tempo de aprofundar, mas as pessoas podem buscar um pouco da história”.

AGENDA CULTURAL

Estreia do filme Os Incontestáveis 

9/8 – 19h30 – Cine Jardins 

Sessão Especial – 16/08 Cine SESC Gloria – (horário à confirmar)

*Seguidas de debate com o diretor Alexandre Serafini e o co-roteirista Saulo Ribeiro.

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