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Vila Velha segue sem secretário definitivo para comandar a Cultura 

O que parecia a efetivação de uma conquista, ainda espera cozinhando em banho-maria.  A criação de uma secretaria exclusiva para a área de Cultura, luta antiga da classe artística de Vila Velha, foi atendida pela prefeitura em maio, porém, ainda não representou nenhuma mudança, reclamam artistas e produtores culturais do município. Depois de mais de dois meses, a pasta ainda não teve secretário nomeado e vem sendo acumulada interinamente pelo secretário de Esporte e Lazer, Luiz Felipe Faria de Azevedo.

“Estamos bem decepcionados. Uma luta que vem de anos e finalmente conseguimos criar a secretaria única e aí estamos há dois meses sem ter indicação de um secretário. Está tudo na mesma. O secretário continua apagando incêndios, pois não pode assinar efetivamente pela pasta”, diz Horácio Xavier, presidente da Academia Vila Velhense de Letras. Ele afirma que a insatisfação se mistura com um pouco de decepção, pois considera que na administração anterior de Max Filho  (PSDB) houve um bom trabalho na promoção da cultura.

“Está doendo muito essa falta de secretário. Está se perdendo muito tempo por uma atitude irresponsável de ficar tanto tempo sem uma Secretaria de Cultura”, afirma Celso Adolfo, presidente do Sindicato de Artistas Plásticos Profissionais do Espírito Santo (Sindiappes) e um dos organizadores da Rua das Artes, que movimenta a cultura local e conta com apoio da prefeitura, mas por meio da Secretaria de Turismo. Para ele, diante de todo tempo de discussão em torno da criação de uma secretaria exclusiva para a pasta de Cultura, era de se esperar que quando esta fosse criada, já estive tudo encaminhado para que começasse a funcionar em plenitude. 

Um grande berço da cultura e celeiro de grandes artistas, o movimento cultural de Vila Velha respira graças a iniciativas populares, que por vezes contam com a prefeitura como apoiadora, mas não como fomentadora, segundo Celso. “Os mecanismos para se promover a cultura estão à deriva, a cultura está engessada. Se houvesse uma Secretaria de Cultura funcionando bem, com um fundo de cultura estabelecido, seria bem melhor”. Em junho, o secretário interino encaminhou à Câmara um projeto de lei com alterações do Fundo de Cultura do município.

Para Celso Adolfo, os governantes da administração atual e anteriores carecem de visão estratégica. “Há uma falta de interesse pela cultura. Parece que cultura é um lugar de experimentalismo, não se tem uma visão de cultura enquanto caminho para o progresso da cidade, para o desenvolvimento intelectual dos munícipes”, reclama, lembrando que a cultura não está apenas nos locais centrais e históricos, mas também nas periferias de Vila Velha, onde se desenvolvem inúmeros projetos ligados ao movimento hip hop, literatura marginal e outros.

Com o início do calendário eleitoral, ele mostra a preocupação de que haja um semestre perdido e as coisas comecem a funcionar minimamente apenas a partir do ano que vem.

Procurada, a Prefeitura de Vila Velha afirmou que não há um nome definido para ocupar permanentemente a pasta nem previsão para anúncio ou posse. Sobre a política cultural, informou em nota que “as mudanças serão implementadas a partir da nomeação do novo secretário”. 

Um agente cultural do município resume o que a classe artística do município espera: um secretário conhecedor de cultura, com projetos culturais factíveis e comandando uma secretaria que tenha um orçamento digno.

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