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Compostagem: uma alternativa ecológica para o lixo

Nos últimos anos, novas iniciativas têm surgido no Brasil valorizando a compostagem para uma melhor destinação de parte do lixo urbano. A compostagem é a “reciclagem” dos resídos orgânicos, prevista pela Lei Nacional de Resíduos Sólidos, e permite transformar restos de alimentos em um fértil adubo, por meio de um processo simples e natural, realizado por microorganismos, que pode ser feito até mesmo nos domicílios. Para se ter uma ideia, os resídios orgânicos correspondem a cerca de metade de todo o lixo produzido nas cidades.

Inspirando em alguns projetos de sucesso no Brasil, como Revolução dos Baldinhos, Ciclo Orgânico, Spiralixo, Projeto Compostar e outros a nível internacional, jovens capixabas buscam fomentar essa prática. Um dos casos é do projeto Compostagem da Vila, lançado em maio deste ano, em que os amigos Rian Soares (27), Júlio César Lody Neal (26) e João Luís Pinto (25) criaram um sistema para coleta de resíduos orgânicos de casa em casa para compostagem.

Foto: Arquivo Pessoal

Rian Considera que a prática da compostagem permite uma real valorização dos resíduos orgânicos, que hoje são vistos como descarte até mesmo pelo poder público e algumas cooperativas de reciclagem. É simples como seguir os ensinamentos da natureza. “Dentro dessa perspectiva cultural que a sociedade vem tratando os resíduos orgânicos, ele se torna um vilão, sendo que através da compostagem conseguimos então encerrar o ciclo, transformando os resíduos orgânicos em um ótimo adubo para o solo”. 

Ele alerta que quando os resíduos orgânicos são descartados em aterros sanitários, deixam de trazer benefícios e geração de renda possíveis por meio da compostagem e ainda podem gerar problemas sociais e ambientais, pois o mal descarte gera gases e líquidos tóxicos que contaminam o solo.

A Compostagem da Vila iniciou sua atuação no município de Vila Velha e está utilizando um terreno antes em desuso para criar as estruturas para compostagem do material, que é coletado semanal ou quinzenalmente em pequenos baldes ou em bombonas pelos associados. Os baldinhos são buscados em bicicleta de casa em casa para serem destinados ao local de compostagem, que é alugado pelo projeto.

Foto: Leonardo Sá

Os planos de associação têm custos que vão de R$ 38 a R$ 100 mensais, dependendo do volume e da forma de entrega do resíduo. O grupo ainda está estruturando a possibilidade de entrega dos resíduos pelos próprios assinantes em pontos de coleta, com valor mais acessível de R$ 25. Em troca, além de uma destinação mais adequada dos resíduos, o associado pode escolher receber uma muda de planta, um pacote de 5kg de composto ou 1kg de banana agroecológica. O grupo também tem realizado palestras, rodas de conversa e oficinas sobre compostagem, inclusive ensinando a fazer a própria composteira doméstica com produtos reciclados.

Atividades como essas também são desenvolvidas pelo grupo Oficina de Lixo, formado em 2015 pelos jovens arquitetos Gabriel Lavinsky (27) e Yolanda Faustini (24), que se dedica à pesquisa e conscientização sobre resíduos. Eles iniciaram desenvolvendo oficinas baseados na reciclagem e reaproveitamento de materiais e, agora, também trabalham com os resíduos orgânicos.

“O Oficina de Lixo busca revisar esse sistema de consumo e descarte de economia linear, e a compostagem é a solução mais simples para o lixo orgânico doméstico”, diz Yolanda, lembrando que essa prática “fecha o ciclo”, contemplando a chamada economia circular: o resíduo vira adubo, que fortalece a terra de plantio, que vai gerar novos alimentos, cujos restos depois podem ser compostados, e assim vai…

Foto: Leonardo Sá

Nas oficinas de compostagem, é possível tirar dúvidas sobre o processo, que exige alguns cuidados, embora nada complexos. E também aprender como a partir de potes grandes de margarina industrial ou outros tipos de recipientes, empilhados e furados em algum locais, é possível fazer composteiras para utilizar em casas e até mesmo apartamentos, que com manejo adequado não gerarão nenhum tipo de incômodo ou mau cheiro. 

Já que uma composteira mais simples pode custar cerca de R$ 100 a R$ 200 pela internet, o Oficina de Lixo oferece como alternativa uma composteira feita com material reaproveitado por R$ 55, incluindo um manual de uso e material necessário para iniciar o processo. 

Além do resíduo sólido, que serve para adubar diretamente a terra, a compotagem também gera um potente fertilizante líquido, que deve ser diluído em água antes de aplicado na terra, podendo também ser utilizado nas folhas para repelir insetos. Este material também pode ser adquirido com o Oficina de Lixo.

Foto: Leonardo Sá

Outra vantagem que ela aponta do cuidado local do lixo, é a redução dos custos e da poluição por conta do uso de combustível para coleta e destinação a aterros sanitários distantes.

“A compostagem permite tornar acessível o cuidado do lixo. Com a industrialização, criamos a noção de que tem que ser especialista para fazer algum tipo de gestão do lixo, seja embalagens ou orgânicos, mas na verdade é muito mais intuitivo”, define Yolanda.

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