A previsão de alta abstenção nos votos a serem depositados nas urnas em 7 de outubro, da ordem de 45%, gerou cautela entre os candidatos a cargos eletivos, dificultando alianças já anunciadas e “racha” entre aliados, como ocorreu nesse fim de semana, alterando o cenário político até o último momento do fechamento do prazo das convenções partidárias.
O mais visível “racha” foi registrado entre o PSD e o PRB, sábado (4), de onde nasceu mais um candidato ao governo do Estado, o deputado federal Carlos Manato (PSL), em companhia do senador Magno Malta (PR) e do deputado estadual Amaro Neto (PRB).
Os dois partidos integravam o bloco formado depois da desistência à reeleição do governador Paulo Hartung, que firmaram aliança com a candidata ao governo Rose de Freitas (Podemos). Sete lideranças assinaram documento se comprometendo a caminhar juntos, mas muitos debandaram para outras coligações.
Os conflitos mais intensos nas articulações do grupo que havia fechado aliança com Rose foram registrados entre o PSD, do ex-prefeito de Vila Velha e candidato a federal Neucimar Fraga, presidente da sigla, e o PRB, que abriga o ex-prefeito de Vila Velha e também candidato à Câmara Federal, Rodney Miranda, e o deputado estadual Amaro Neto.
O PRB sentiu que poderia ficar isolado, colocando em risco a campanha de Rodney Miranda. De outro lado, o PSD teria chances reduzidas de acomodar o ex-secretário da Casa Civil do Estado, José Carlos da Fonseca Júnior, o Zé Carlinhos, indicado para ser vice na chapa de senador, mas preferiu concorrer à Câmara, em campanha conjunta com Neucimar.
O partido conta com o potencial eleitoral de Amaro Neto, favorecendo Rodney Miranda e outros candidatos a deputados estaduais, incluindo o presidente da Assembleia, Erick Musso, candidato à reeleição.
Essas estimativas levam em conta o sistema proporcional, que considera todos os votos obtidos por um partido ou coligação, e não apenas os votos recebidos por cada candidato, individualmente. Todos os votos, sejam eles nominais ou de legenda, são contabilizados para as siglas, daí a necessidade das coligações. Com a previsão de abstenção elevada, os “campeões” de votos calculam bem com quem vão irão se coligar.
Neste ano, várias lideranças ficaram desabrigadas, depois que o governador Paulo Hartung saiu da cena, provocando uma debandada do grupo e deixando as candidaturas sem apoio partidário. Assim, cada um buscou assegurar-se com a fração de alianças que garantissem uma perspectiva nas urnas.
O isolamento do PRB motivou a criação de uma nova chapa ao governo, que também foi a alternativa encontrada para possibilitar palanque para o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL-RJ) no Estado, rejeitado tanto por Rose quanto por Casagrande, os dois candidatos mais competitivos.