Quem vê as fotos com sorrisos escancarados dos personagens principais da chapa que tem Carlos Manato candidato ao governo e Magno Malta (PR) ao Senado, para garantir o palanque do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL-RJ) no Estado, não imagina que até outro dia o deputado estadual Amaro Neto (PRB), a terceira perna da aliança, era persona non grata dos militares capixabas, que são exatamente os candidatos e eleitores do grupo. Há poucos meses, Amaro foi centro de inúmeras manifestações de repúdio da categoria por termos considerados pejorativos e desrespeitosos utilizados em seu programa de TV, Balanço Geral, sempre que se referia aos policiais do Estado. O incômodo, que já existia, teve como o estopim o caso do PM assassinado em Vila Velha, quando Amaro utilizou a expressão “sapecado”. Vídeos nas redes sociais, notas públicas e críticas, muitas críticas, inclusive de Jair Bolsonaro e seu filho, deputado federal Eduardo Bolsonaro (SP), que na época gravaram vídeo de apoio aos militares. Diante da repercussão, Amaro tentou amenizar, com uma resposta, porém, sem sucesso. Aí vieram as nuvens da política e todo mundo foi parar no mesmo palanque. Vai ter pedido de voto pra Amaro?
Reação em cadeia
Além das manifestações nas redes sociais, entidades representativas das categorias divulgaram nota contra a postura de Amaro e também o ex-comandante-geral, Nylton Rodrigues, hoje secretário de Estado de Segurança. Houve até discurso em sessão solene de Viana contra homenagem a ele pelo Dia do Jornalista.
Tiroteio
O vereador Cabo Max (PP), representante dos militares na disputa à Câmara deste ano, e que já havia promovido uma saia justa semelhante em homenagem ao governador Paulo Hartung no legislativo municipal, fez um duro pronunciamento contra Amaro e seu programa, que chamou de “lixo”, “sensacionalista” e “sem qualquer contribuição para a sociedade”. Amaro saiu rápido da Câmara de Viana.
‘Traidor’
O PSL no Estado divulgou nota para tentar afastar a marca de traidor por ter substituído a candidatura do coronel Foresti pela de Manato. Apesar de ter se mostrado surpreso, o partido alega que ele tinha “plena consciência” dessa possibilidade. Foresti migrou para o PHS, com o argumento de que a chapa estava pesada para ele tentar a Câmara Federal.
‘Manca’
A senadora Rose de Freitas (Podemos) não conseguiu, mesmo, manter sua base intacta para a eleição ao governo. As baixas do PRB e do PSD são pra lá de prejudiciais.
Lotado
Enquanto isso, o palanque de Renato Casagrande (PSB) cada vez lota mais. E haja matemática para as proporcionais!
No papel
A notícia se espalhou antes, mas somente nesta segunda-feira (6) saiu no Diário Oficial. Estão publicadas a nomeação do ex-secretário de Estado da Agricultura e ex-candidato da eleição deste ano, Octaciano Neto, no cargo de chefe de Gabinete de Hartung, e a consequente exoneração de Paulo Roberto Ferreira, que volta a atuar como secretário-chefe da Casa Civil.
Alvo
A propósito, a nomeação de Octaciano, como não poderia deixar de ser, foi alvo de críticas pesadas do deputado estadual Euclério Sampaio (PSDC) na sessão da Assembleia desta segunda. Euclério é autor de várias denúncias contra Octaciano referentes à atuação dele na Seag.
Patinho feio
O PT capixaba terá pouco ou nada a contribuir com o projeto nacional do partido de manter os atuais parlamentares e aumentar suas bancadas no Congresso Nacional, para garantir a defesa do legado de Lula. Ficou sozinho na disputa, com riscos até para a reeleição considerada garantida do deputado federal Helder Salomão.
Patinho feio II
Se ficou ruim para Helder, pior ainda para o ex-prefeito de Vitória, João Coser, que esperava entrar na “sobra”, caso fosse de fato reeditada a aliança com o PDT, de Sérgio Vidigal. As duas legendas avançavam nas negociações, mas desandou.
PENSAMENTO:
“Três pessoas são capazes de guardar um segredo, se duas delas estiverem mortas”. Benjamin Franklin
