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Licenciatura em Educação do Campo abre inscrições em Vitória e São Mateus

O próximo vestibular do curso de Licenciatura em Educação do Campo da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) está com inscrições abertas até o dia dois de setembro, sendo as provas marcadas para o dia 30 do mesmo mês.

O curso é uma importante conquista dos movimentos sociais capixabas, que há anos reivindicavam uma formação na área que respeitasse a Pedagogia da Alternância, possibilitando que agricultores e filhos de agricultores, seja em comunidades campesinas, quilombolas, ribeirinhas, assentamentos ou acampamentos de Reforma Agrária, pudessem participar.

As primeiras turmas, iniciada em 2014 em São Mateus e Vitória, estão se formando neste mês. E, desde então, centenas de jovens e adultos, moradores das zonas rurais capixabas, estão ingressando na universidade, engrossando o contingente de profissionais aptos a atuarem em Educação do Campo em escolas dos quatro cantos do Estado.

“Proporciona que a gente que é da roça, do campo, se forme, tenha uma graduação e a opção de continuar a trabalhar no campo, seja com agricultura ou com educação”, afirma Reginaldo Penha, do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) em Marechal Floriano e integrante da primeira turma do campus de Goiabeiras, que se forma no próximo dia 29.

Há alunos, conta Reginaldo, que, por causa do curso, foram a Vitória pela primeira vez. “E o crescimento durante o curso é fantástico, como profissionais e como pessoas, mesmo”, testemunha.

Por outro lado, ressalta, a vivência no campo desses alunos é valorizada pelos professores e pela coordenação do curso, característica que ficou mais evidente na sua turma, que foi pioneira. “A gente construiu um caminhar juntos”, diz.

O desafio maior agora é reativar as escolas do campo, fechadas às centenas pelo atual governador Paulo Hartung, bem como o ensino noturno, que foi praticamente extinto nesse governo. E criar mais Comitês de Educação do Campo, municipais e regionais.

Além dos povos tradicionais, o curso também tem aberto um novo horizonte para pessoas oriundas da cidade que migraram para o campo. É o caso da pedagoga Elaine Rodrigues, que fez o “êxodo urbano” há dois anos e viu, na Licenciatura em Educação do Campo, uma chance de voltar a trabalhar com educação, mas agora no lugar que escolheu para viver, longe dos centros urbanos.

“É uma política pública que possibilita o acesso ao direito à educação dos que vivem fora do meio urbano e que precisam ter esse direito garantido nas mesmas proporções com que ele é garantido à população urbana”, diz.

Seu entusiasmo é contagiante e ela procura divulgar os benefícios do curso para vizinhos, amigos e alunos e professores da escola onde estagia.  “Quero ver os nativos dentro da universidade!”, exulta.

O curso é presencial por três dias no mês, chamado Tempo Universidade, geralmente de quarta a sábado. No Tempo-Comunidade, os alunos desenvolvem pesquisas sobre a sua região e recebem os professores periodicamente, para estudarem melhor as realidades de cada comunidade.

Os profissionais são formados e habilitados para atuação nos anos finais do ensino fundamental e médio, tendo como objeto de estudo e de práticas as escolas de educação básica do campo, articulando três dimensões do perfil de formação: preparar para a habilitação da docência por área de conhecimento, para a gestão de processos educativos escolares e para a gestão de processos educativos comunitários.

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