O retorno de José Carlos da Fonseca Júnior, o Zé Carlinhos (PSD), à Secretaria da Casa Civil do governo Paulo Hartung, nesta quarta-feira (15), é o retrato mais fiel da ausência de quaisquer resquícios de ideologia ou fidelidade da classe política. Esse é só um exemplo dos vários casos registrados no mercado político nos últimos quatro meses em todo o Espírito Santo.
Nesta quarta-feira, quando termina o prazo para inscrição de candidaturas às eleições de 7 de outubro, ocorreram articulações que colocam a prática política distante de um conjunto de ideias coletivas, do ponto de vista da sociedade, para se transformar unicamente em ações voltadas aos interesses individuais ou de pequenos grupos.
O cenário político mostra que os conceitos ideológicos, enquanto ausentes da maioria das agremiações políticas, de direita ou de esquerda, estão bem firmados entre os candidatos do Psol, independentemente se suas bandeiras de lutas são ou não aceitas. “O processo histórico é lento”, afirma o advogado André Moreira, candidato do partido ao governo do Estado.
“Vamos retomar a agenda de desenvolvimento do Estado no Brasil e no mundo”, declarou Zé Carlinhos ao jornal A Gazeta, valendo-se de sua condição de diplomata, com extensa lista de relacionamentos, ao reassumir a Casa Civil depois de ver frustrada suas movimentações para disputar as eleições deste ano.
Hábil articulador, sabe ligar os interesses do governo aos anseios coletivos, de forma meramente aparente, sem resultados práticos que possam melhorar o convívio social.
Na realidade, as articulações alcançam redutos eleitorais do governo e seus aliados, como o município de Aracruz, onde o presidente da Assembleia Legislativa, Erick Musso (PRB), precisa de uma mãozinha para garantir a reeleição. Uma das tarefas, não tão fácil, foi a tentativa de convencer o ex-prefeito Ademar Devens (PSD) a desistir da candidatura a deputado estadual e tentar a Câmara Federal.
Da mesma forma, em São Gabriel da Palha da Palha, com o ex-prefeito Luiz Pereira (PSD) instado a concorrer à Assembleia Legislativa, visando dificultar a reeleição da deputada Raquel Lessa, do Pros.
A troca de partidos, por ser tão natural e aceita por todos, vale também para grupos interpartidários, como o correu depois de dissolvido o bloco formado com a desistência à reeleição do governador Paulo Hartung. O caso mais notório foi protagonizado pelo ex-prefeito de Vila Velha e candidato deputado federal Neucimar Fraga, também do PSD.
Porta-voz do grupo e ex-secretário do atual governo, bandeou-se para a candidata Rose de Freitas (Podemos), assinou documento de apoio, posou para foto e, logo em seguida fechou com Renato Casagrande (PSB), surpreendendo até mesmo a aliados mais chegados.
