A Caravana da Saúde, projeto idealizado pelos trabalhadores da área que atuam em unidades estaduais e municipais, tem com alvo dessa vez as cidades do sul do Estado, Piúma e Anchieta. Nesta quinta-feira (30), a mobilização se concentra nessas cidades, com atenção especial para Anchieta, onde há temor de o prefeito Fabrício Petri (MDB) demitir os agentes de saúde que atuam no controle de endemias, como a dengue, zika e febre chikungunya, e os que atuam compondo as equipes do Programa Estratégia Saúde da Família.
De acordo com Cynara Azevedo, que integra a direção do Sindicato dos Servidores da Saúde no Estado (Sindsaúde-ES), pela manhã, a caravana estará em Piúma e serão realizadas vistorias nas unidades municipais da cidade. Já à tarde seguirá para Anchieta. A sindicalista afirma que o prefeito Fabrício Petri tem alegado problemas orçamentários para manter os agentes de saúde, que são fundamentais no trabalho de prevenção.
A Caravana tem o objetivo de conscientizar tanto a população quanto os servidores sobre os problemas crônicos da saúde pública capixaba. São realizadas reuniões dentro das unidades e também em praças públicas com os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS).
Hospitais estaduais
A Caravana da Saúde começou suas atividades pelos hospitais estaduais que estão na mira da terceirização de suas gestões. No dia 19 de julho deste ano, representantes Sindsaúde-ES estiveram no Hospital Estadual Roberto Arnizaut Silvares, em São Mateus, norte do Estado, e ainda em Colatina, Barra de São Francisco e Linhares.
O Roberto Silvares está na mira da terceirização e sofre com o sucateamento. Processo que corre na Primeira Vara Cível de São Mateus, fruto de uma ação civil pública, pode resultar até em interdição do hospital. Isso caso o governo do Estado não faça reparos estruturais, se adeque às normas sanitárias e amplie o número de leitos em, pelo menos, 500 vagas. Atualmente, a unidade, que atende a clientela da região norte e até do sul da Bahia, está completamente sucateada.
Para o diretor de Comunicação do Sindsaúde-ES, Valdecir Nascimento, deixar as unidades em péssimas situações de funcionamento é estratégia da Secretaria de Estado de Saúde (Sesa) para justificar a terceirização. Já a diretora da Secretaria Geral da entidade, Wilta Maria Tosta, acredita que a terceirização é um processo criminoso de entregar a verba da saúde pública para o setor privado. “Temos experiências negativas com relação às unidades já terceirizadas, com relatos chocantes de mortes que poderiam ser evitadas, além das péssimas condições de trabalho”, apontou.
Em recente anúncio, o secretário estadual da pasta, Ricardo de Oliveira, confirmou que mais seis hospitais serão privatizados até o final do ano. Considerando os quatro já administrados pelas Organizações Sociais, as OSs – Infantil de Vila Velha, Estadual de Urgência e Emergência, Central e Jayme dos Santos Neves – serão dez no total.
O pacote de privatização anunciado pelo governo do Estado é chamado pela Sesa de Novo Modelo de Gestão. Além do hospital de São Mateus, estão na lista Dr. Alceu Melgaço Filho, em Barra de São Francisco; Silvio Avidos, em Colatina; Antônio Bezerra de Faria, em Vila Velha; Dório Silva, na Serra; e Infantil, de Vitória. Todas as unidades sofrem com o sucateamento.