Uma campanha de conscientização será feita no município de Afonso Claudio, junto a empresas que vendem agrotóxicos e a agricultores que o utilizam. O objetivo é reduzir as intoxicações e tentativas de suicídios por uso inadequado de venenos agrícolas, duas ocorrências que registram elevados índices na região, que envolve também os municípios de Laranja da Terra e Santa Maria de Jetibá.
A decisão foi tomada numa reunião realizada nessa quarta-feira (5), entre o Ministério Público Estadual (MPES) de Afonso Claudio, o Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (Idaf), a Vigilância Sanitária e a equipe de saúde mental municipal.
As ações serão feitas no dia 18 de setembro, com as empresas, e no, dia 23 de outubro, com agricultores de Mata Fria, região com maior índice de intercorrência com agrotóxicos.
O promotor Valtair Lemos Loureiro explica que já foi feito um trabalho semelhante no município, para identificar quadros de intoxicação e abordar com os agricultores a necessidade de profissionalização, com cursos sobre a forma correta de utilizar agrotóxicos.
Segundo a Promotoria de Afonso Claudio, em 2014 foram registrados nove contaminações acidentais com agrotóxicos; em 2015, foram 14 e em 2016, 13, quando foi feito o trabalho de conscientização. No ano seguinte, a redução foi grande, com apenas cinco casos. Este ano, até o momento, o número já chega a sete contaminações acidentais.
“A equipe de saúde mental do município está fazendo um trabalho de prevenção ao suicídio, pois em 2017 tivemos no município 26 casos de tentativa de suicídio, alguns dos casos com utilização de agrotóxico como instrumento”, conta o promotor.
Entre 2007 e 2017, o número de intoxicações acidentais por agrotóxicos subiu a tal ponto no Espírito Santo, que o Estado é hoje o primeiro no ranking. São 4,1 casos para cada 100 mil habitantes, ultrapassando o Paraná, antigo “campeão” histórico, mas que mantém a “liderança” em números absolutos, com 1.082 casos no período.
Os dados foram publicados pela Agência Pública, de jornalismo investigativo, com dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificações (Sinan) do Ministério da Saúde, e da publicação Geografia do Uso de Agrotóxicos no Brasil e Conexões com a União Europeia, chamado de Altas do Uso de Agrotóxicos no Brasil, produzido pela professora do Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo (USP), Larissa Bombardi, e lançado no final de 2017.