Final de governo e com a imagem desgastada, o governador Paulo Hartung ataca para todos os lados para tentar sair do cargo por cima – ou menos por baixo, eu diria. Nesse clima de “boas intenções” (o inferno está cheio), em seu círculo de relação há quem diga até que ele estaria disposto a conceder a anistia administrativa aos policiais militares acusados de envolvimento no movimento de fevereiro de 2017, que foi responsável por uma dose elevada de desgaste à sua imagem, inclusive em nível nacional. Para um político como Hartung, que aniquila seus adversários sem dó, parece surreal. Mas, a essa altura da carreira política, tudo pode acontecer. Inclusive, porque se não for ele a levar esse título, que os militares chamam de “caminho da paz”, correrá o risco de entregá-lo de mão beijada ao seu adversário, Renato Casagrande (PSB), o líder das pesquisas de intenções de votos no Estado. O socialista já se comprometeu, em reunião com associações da categoria, a conceder não só a anistia aos militares, mas também a garantir o retorno da Ronda Ostensiva Tática Motorizada (Rotam) e do Batalhão de Missões Especiais (BME), outras medidas com a digital de Hartung rejeitadas pela PMES. “Vamos corrigir as injustiças cometidas pelo atual governo”, cravou Casagrande, chamando os militares ao diálogo permanente, o que também passou longe deste mandato. Por enquanto, o governador tem a faca e o queijo na mão. Vai pegar ou largar?
Pegar ou largar II
A conversa com Casagrande também terminou com garantias de atendimento a outras demandas dos militares. Ele foi chamado de “futuro governador”.
E Manato?
Interessante é que, pela lógica, esperava-se que os militares fossem estar afinados, mesmo, com o palanque do deputado federal Carlos Manato (PSL), que, seguindo as bandeiras do presidenciável Jair Bolsonaro (RJ), tem plano voltado quase exclusivamente para a área e projeto em favor da anistia aos PMs no Estado. Das duas, uma: a categoria está dividida ou não crê no crescimento de Manato.
Obstáculo
Em princípio, há pelo menos um empecilho a esse apoio em massa da categoria a Manato. A terceira principal perna do seu palanque, o deputado estadual Amaro Neto (PRB), já foi apontado como persona non grata dos militares, por comentários feitos em seu programa de TV. E o sobre o senador Magno Malta (PR), o que pensam, hein?
Em campo
Pouco antes do processo eleitoral, em meio a articulações do mercado, os PMs também se reuniram com Magno e a senadora Rose de Freitas (Podemos), candidata ao governo. Pediram ajuda para aprovação do projeto da anistia no Congresso Nacional.
Deixa pro próximo
Por falar em final de governo, o anúncio de Hartung de construir finalmente a contenção na Terceira Ponte é mais uma dessas promessas de final de mandato, para levar o bônus e deixar a peteca para o próximo governador. Não que a proteção não seja necessária, é urgente, mas ele apenas vai iniciar as obras e, pasmem, sem cobrar nada da Rodosol!
Deixa pro próximo II
Os R$ 15 milhões necessários, com prazo de entrega e tudo mais (julho de 2019), sairão somente do caixa do Estado. Durma com mais esse barulho.
Coincidências
O projeto do deputado estadual Sergio Majeski (PSB) citado na coluna passada, sobre a transparência no uso das aeronaves da frota do governo, foi lido em plenário na última quinta-feira (6) e, nessa segunda (10) devolvido ao autor, por ser considerado inconstitucional (ele recorreu). No mesmo dia foi assinado o ato do governo ditando essas regras, tornadas públicas nessa terça (11).
‘Facetruque’
Tem reclamação nas redes sociais de usuários que aparecem curtindo o senador Ricardo Ferraço (PSDB) no Facebook, sem ter, de fato, curtido. Mistério…
Reação
A propósito, o grupo criado no Facebook das mulheres unidas contra Bolsonaro já atingiu a marca de 1 milhão, em poucos dias. Se isso se transforma em “não voto”…aí já viu!
PENSAMENTO:
“O homem torto não pode pensar reto”. Khalil Gibran