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Pega-pega

A sucessão ao governo no Espírito Santo ainda não produziu uma grande surpresa. Transcorre tendo sua origem no embate entre o governador Paulo Hartung e o ex-governador Renato Casagrande (PSB). O ritmo conduzido pelos dois durante todo o terceiro mandato de PH está, portanto, inserido nessa disputa. Casagrande leva a melhor, com a mão quase na taça, dependendo apenas de não dar uma derrapada até chegar lá.

O mesmo não se pode dizer, porém, da disputa ao Senado, em que os dois atuais detentores de mandatos, Ricardo Ferraço (PSDB), do palanque de Casagrande, e Magno Malta (PR) já eram tidos como reeleitos. Mas agora emerge Fabiano Contarato (Rede), que até outro dia tinha 5% de preferência do eleitorado, e já passa dos 15%, mexendo na estabilidade dos dois favoritos. 

Magno já sentiu a balançada e Ricardo, por ser mais estratégico, arregaçou as mangas para segurar a barra e está refazendo sua campanha com foco em áreas eleitorais que podem sofrer abalos.

Parece que o fenômeno que atinge Magno tem nome e endereço certos. São candidatas da esquerda, como Célia Tavares (PT) e Liu Katrine (Psol), que direcionam suas campanhas para os espaços de maior rejeição à extravagância reacionária da campanha de Magno. Pois, para o senador, não basta ser reacionário, precisa ser também extravagante. A esquerda o escolheu como alvo e tem conseguido crescer com essa estratégia, favorecendo também Contarato.

Magno está apanhando na rua, nas áreas sociais. Acostumado a percorrer o Estado quieto, com um discurso evangélico e conservador, e levar todas, ele sente a mudança e, ao ser confrontado, vai ter de aprender a fazer o bom combate. 

O Psol vem com tudo para cima dele. É a tese da esquerda versus direita. São embates sobre o Escola Sem Partido, legalização do aborto, questões de gênero e etc, que Magno gosta de resumir como “defesa da família”. 

O principal reflexo desta situação contra o Magno pode abalar o passeio eleitoral de Casagrande, pois mexe com os setores mais à esquerda do PSB e de alguns partidos do seu leque de apoio, e se entrecruzam em outras áreas de confronto, como a sindical e de movimentos sociais.

Reforço, então, que a jogada contra Magno transfere o embate da área social e sindical para a área eleitoral. E Casagrande? Ele não pode soltar as rédeas dos 18 partidos de sua base de apoio, senão vai virar uma loucura. 

Os candidatos de sua base que vivem diuturnamente esse embate na área social e política vão ficar calados, agora, aceitando os ideais de Magno? Quais serão os reflexos nas suas bases eleitorais? Vão entrar no embate também? E o ex-governador, como vai se posicionar?  

Magno, como disse, nunca se viu nessa situação. Os votos que sempre pegou de mansinho estão em risco e ele não tem a quem recorrer, a não ser ao presidenciável Jair Bolsonaro (PSL-RJ), que também é o alvo da esquerda.  

Se a disputa entre Magno e a esquerda esquentar ainda mais, Casagrande vai ter de tomar alguma atitude para manter a sua viagem em direção ao Palácio Anchieta. O ex-governador, não custa lembrar, fez de tudo e mais um pouco para manter Magno ao seu lado, no entanto, o senador acabou fechando um palanque para Bolsonaro no Estado. 

Não é do temperamento de Casagrande jogar pedra no Magno, Então, qual será o trunfo para controlar a esquerda capixaba, que entrou de cabeça na disputa majoritária no Estado? 

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