Surgido há 14 anos, o Soltos e Prensados lançou o seu primeiro EP, disponível em diversas plataformas digitais. Com o nome Afronauta, título de uma das músicas, reúne cinco canções gravadas ao longo da trajetória do grupo, marcadas por influências que vão do funk à MPB, do rock ao dub, e muito mais.
Apesar dos anos de existência e do repertório autoral, o grupo sempre foi mais um projeto paralelo de seus integrantes, pelo prazer de tocar e sem muitos recursos para investir nas gravações. A partir de 2010, quando o guitarrista Leandro Bonfim começa a se aprofundar nos estudos de produção e gravação, o grupo passou a juntar material, que enfim decidiu finalizar e divulgar. Com as diversas composições que possuem poderiam ter optado por um disco robusto com 12 ou 15 faixas, mas preferiram adiantar um EP utilizando as canções mais marcantes e que estavam mais próximas de finalizar. O resultado você pode ouvir a seguir:
Afronauta se refere ao cidadão negro e periférico, que convive com as diversas dinâmicas das favelas e bairros populares como o tráfico de drogas e ação policial, mas que é alheio a tudo isso. Acompanham as canções É Possível Seguir, Funk do Bom, Súplica e Apenas Um Olhar. A capa do disco virtual traz um desenho assinado por Rua Corona, que possui ligação com a cultura skateboard da banda. Na arte figura parte da letra de Afronauta dentro do desenho da silhueta de uma cabeça.
O lançamento do EP marca o fechamento de um ciclo, registrando parte da trajetória da banda e o início de um novo momento, em que deve se dedicar a lançamentos de singles inéditos, junto com videoclipes, como tem sido tendência na área musical nos últimos tempos. “A gente curtiu o gostinho de gravar e lançar nosso trabalho”, diz Leandro.
O som diverso e aberto do Soltos e Prensados se justifica a partir da origem do grupo a partir do rolês de skate de jovens – que hoje já estão mais maduros -, entre eles Jefinho Faraó e Leandro Bonfim, remanescentes da primeira formação. “Antes de ser músicos, fomos influenciados pelo skate“, diz Leandro. Apesar do nome induzir a uma referência ao Secos e Molhados e ao mundo dos amantes da cannabis, busca segundo seus integrantes sintetizar esse espírito musical que marca a existência do grupo.
O mundo do skate dialoga com diversos ritmos como reggae, punk rock, hardocore, hip hop, funk, e pelo grupo já passaram músicos oriundos destas e outras vertentes, tornando o Soltos esse caldeirão sonoro. “A gente faz música porque gosta. Cada um tem sua carreira, mas gostamos de tocar juntos. São vários estilos soltos e prensados numa mesma banda. Não tem preconceito musical, se quisermos podemos até fazer música pop, mas claro que com nossa pegada, com o estilo de composição que tem nossa cara. As pessoas já conseguem identificar isso, a banda consegue imprimir um estilo próprio”, afirma Bonfim.
Nas letras se destacam a realidade das periferias. “Costumamos falar dos temas sociais, do convívio em comunidade, do povo negro, da relação do morador dos morros. Me inspiro muito na comunidade onde moro, Bairro da Penha, o que vejo por lá e o que vemos na TV vira letra do Soltos e Prensados”, diz Jefinho Faraó, vocalista do grupo.
Na formação atual, além dos dois fundadores, o grupo ganha o peso de dois grandes nomes da música do Espírito Santo, Negoléo (bateria) e Michel Spon (baixo), ambos integrantes do Zémaria. O próximo show do Soltos e Prensados será no dia 10 de outubro no pub Motor Rockers, na Praia do Canto, em Vitória.