A direção do hospital Antonio Bezerra de Faria está proibindo a entrada de acompanhantes para pacientes com idades entre 18 até 60 anos. A determinação tem prejudicado o atendimento, principalmente na hora do banho e da alimentação, nos casos de pacientes com dificuldade de locomoção. Isso porque a unidade hospitalar tem número insuficiente de funcionários para realizar o cuidado de todos os que estão internados.
“São apenas dois técnicos para atender cerca de 70 pacientes, inclusive nos corredores. Sem os acompanhantes, este serviço fica ainda mais prejudicado. A informação que temos é de que a direção do hospital quer economizar o prato de comida que o familiar acompanhante teria direito. Além disso, as péssimas condições de trabalho, a falta de material e de equipamentos continuam sendo uma realidade triste do hospital”, explica Valdecir Nascimento, da Secretaria de Comunicação do Sindicato dos Trabalhadores da Saúde no Espírito Santo (Sindsaúde-ES).
O Hospital Antonio Bezerra de Faria está em processo de terceirização com edital já publicado. “A gente acredita que o governo esteja querendo economizar recursos para entregar para a nova empresa que vai assumir o hospital”, afirma Valdecir.
Servidores e comunidades de Vila Velha estão preparando novos protestos contra a medida. Nesta quarta-feira (10), Valdecir Nascimento vai utilizar a Tribuna Livre da Câmara de Vila Velha para alertar sobre os riscos da terceirização. Já no dia 16, próxima terça-feira, um novo protesto será realizado na Praça do Centro de Vila Velha com munícipes de vários bairros da cidade e presença da bateria da escola de samba Mocidade Unida da Glória (MUG).
O governo Paulo Hartung está decidido a entregar a gestão de seis hospitais estaduais à iniciativa privada, na figura das Organizações Sociais (OSs), até o fim do seu mandato. Depois do Hospital Silvio Avidos, em Colatina, no dia 28 de setembro foi publicado no Diário Oficial do Estado a Convocação Pública para Parceria com Organização Social de Saúde direcionada ao Hospital Antônio Bezerra de Farias. A previsão é de que outros quatro editais sejam publicados, repassando a gestão do Hospital Dr. Alceu Melgaço Filho, em Barra de São Francisco; Roberto Arnizaut Silvares, em São Mateus; Dório Silva, na Serra; e Infantil, de Vitória.
O edital para entregar a administração do Bezerra de Farias a uma OS é similar ao publicado no 24 de setembro referente ao Silvio Avidos, unidade que é referência para toda região noroeste do Estado. No caso da unidade de Vila Velha, o valor para os primeiros 12 meses é de R$ R$ 44,2 milhões, sendo até R$ 42,8 de custeio e até R$ 1,4 milhão de investimento. A previsão de abertura dos envelopes é o 31º dia após publicação do edital.
Diante do “pacote-bomba das terceirizações” sendo efetivado pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) a toque de caixa no final da gestão Paulo Hartung, as entidades da sociedade civil se mobilizam para reagir. No caso de Colatina, o Conselho de Saúde Municipal da cidade já acionou o Ministério Público Estadual (MPES), alegando que o processo de terceirização do Hospital Silvio Avidos não foi apreciado pela entidade. Já os os trabalhadores realizaram atos em defesa dos hospitais estaduais.
De acordo com os representantes do Sindsaúde-ES, que organizam as manifestações, “a estratégia de Paulo Hartung para drenar a verba pública da saúde para as mãos de empresários é sempre a mesma: a falta de investimentos na melhoria das unidades, promovendo o sucateamento do hospital, para depois justificar a entrega para as empresas travestidas de organizações sociais”.
A entidade afirma que tem denunciado diuturnamente os problemas que afetam o Hospital Antônio Bezerra de Faria, como as péssimas condições de trabalho, pacientes jogados nos corredores, falta de materiais básicos e de medicamentos. “Não vamos aceitar que mais um hospital público seja privatizado/terceirizado. A experiência das outras unidades onde este processo ocorreu é traumática e criminosa. Um exemplo é o Infantil de Vila Velha (Himaba), com registro de mortes que poderiam ter sido evitadas”, explica o diretor de Comunicação do Sindsaúde-ES, Valdecir Nascimento.