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Crianças da Piedade vão conhecer berço do samba no Rio de Janeiro 

A ONG Raízes da Piedade, que há 10 anos realiza trabalhos de cunho social e cultural no Morro da Piedade e comunidades vizinhas como a Fonte Grande, em parceria com a escola municipal Anacleta Schneider Lucas, levará cerca de 30 crianças para conhecer o berço do samba carioca. A viagem, que será realizada em novembro deste ano, levará meninos e meninas entre 12 e 15 anos ao Museu do Samba, à Cidade do Samba e ao Museu de Arte, onde está sendo realizada uma exposição sobre o Carnaval. O roteiro, é claro, não poderia deixar de fora visita a uma escola de samba. 

De acordo com um dos representantes do Instituto Raízes da Piedade, Jocelino Júnior, há uma década, a ONG utiliza a história do samba como componente para realizar um trabalho educativo que engloba as áreas de cidadania, saúde, esporte, cultura e lazer. “Nossa comunidade é o berço do samba capixaba; assim sendo, fazemos as crianças se apropriar dessa importância histórica, fazendo-as pertencentes à cidade e de sua cultura”, explicou Jocelino.

Segundo Jocelino, com a onda de assassinatos ocorrida na Piedade este ano, tem sido difícil mobilizar as pessoas para atividades na Casa da Memória, que fica na parte alta do morro, e que sempre foi o espaço para realização das oficinas e demais projetos. Assim sendo, o Raízes da Piedade passou a atuar dentro da escola municipal Anacleta Schneider Lucas, onde semanalmente é realizada uma oficina de percussão e também de história do samba. Por meio de parceria da ONG com a escola, foi pensada a viagem ao Rio de Janeiro, “o nosso espelho em relação ao samba; por isso, escolhemos a cidade pra essa viagem”, explicou. 

Mês passado, o Instituto Raízes da Piedade divulgou uma nota em que faz duras críticas à política de segurança do governo do Estado. Mais uma vez, há uma enorme rejeição dos movimentos sociais à falta de diálogo dos gestores públicos estaduais, em especial, o secretário da pasta (Sesp), Nylton Rodrigues, que, de costume, comunica suas ações definidas em gabinete à imprensa num tom midiático e nada democrático. Assim Nylton anunciou o inicio das obras de reforma da casa que abrigará a base policial da comunidade. 

Segundo informações do Instituto, desde março deste ano, a onda de violência na comunidade foi intensificada e o trágico resultado foram quatro brutais assassinatos e a evasão de 40 famílias, no total, mais de 180 pessoas deixando suas casas.

“De lá pra cá, menos de 10 famílias retornaram aos seus lares. Outras 26 famílias, com apoio do Raízes, acionaram a Defensoria Pública para requerer o direito fundamental de moradia, pela falta de condição de retornar à Piedade e de não terem recursos financeiros para pagar aluguel. Quem ficou no morro, se pudesse, já tinha saído. E tem mais, a Polícia, agora, fica com uma viatura e dois policiais diariamente parados na base (viatura), diferente do prometido pela Sesp, gerando apreensão e sensação de insegurança de moradores que moram nas principais zonas de conflitos”, diz uma nota publicada pela ONG mês passado.

A nota do Instituto Raízes confirma que o medo ainda rodeia os moradores e as ações que a ONG realiza. Poucos eventos estão sendo realizados na Casa da Memória, como, no mês passado, um encontro que incluiu feijoada com samba, oficina de jardinagem, torneio de futebol e cineclube. Foi a primeira vez que a Casa da Memória abriu ao público depois de um assassinato ocorrido a poucos metros da entidade. 

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