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Quando o saudoso Antário Filho nos procurou para ajudar a montar sua rádio, nos levou ao local onde seria a emissora. Na parte de baixo de uma das escolas da Faesa, mostrou as divisões de estúdios, salas e, lá no canto, alguns equipamentos. Não se poderia fazer uma boa rádio com aqueles equipamentos e Antário, então, tratou de trocá-los no dia seguinte. Tinha também um carpinteiro ajudando, chamado Tobias. Era por amizade, já que os dois eram conhecidos pela prática do teatro. Mas Tobias deu conta do recado. Nasceu uma rádio que ficou líder por doze anos seguidos, lutando sozinha contra impérios de comunicação e ganhando. Foi a marca da força de vontade.

Eu e o hoje deputado estadual Amaro Neto, eleito à Câmara Federal na disputa deste ano, trabalhamos juntos na Rádio ES. Amaro pertencia à equipe de esportes e era narrador. Um dia o coloquei para fazer o Ronda Policial. Ele tomou gosto e serviu de base para fazer o programa de TV que o tornou famoso. Quando saí da Rádio ES, ele sempre ligava para dar dicas para a coluna sobre rádio e radialistas que mantenho no Século Diário. Depois que se tornou deputado estadual e passou a trabalhar na TV Vitória, aconteceu um distanciamento natural.

Outra experiência foi uma teimosia que saiu vitoriosa. A Tribuna FM comprou uns transmissores nacionais da marca Telavo para operacionalizar suas transmissões. Na fase de testes, o link, que liga o estúdio ao transmissor, não emitia sinal de estéreo de jeito nenhum. Mas só uma pessoa notava isso e teimava com o técnico que veio instalar. Não estava em estéreo. A galera da rádio, já composta, gostava de ouvir um disco por causa da sua perfeita divisão de estéreo nas caixas. Era um bolachão de vinil da CBS, hoje Sony, com o cantor negro Lou Rawls e a música chamava Lovers Holliday. Pois então se colocou este disco para o técnico ouvir e foi aí que ele concordou que não havia estéreo. Consequência, a fábrica teve de trocar o link a poucos dias da inauguração da rádio. Fomos salvos por Lou Rawls.

Outro caso foi um com desses montadores de torres de transmissão – algumas com até 180 metros – que estava montando para a Tribuna FM na Fonte Grande e ouviu do vizinho concorrente uns gracejos arrogantes por estar tudo atrasado. Calmamente ele foi procurar os responsáveis pela rádio Tribuna e disse:  “Se depender de mim, nós vamos colocar a rádio no dia certo”. E assim ele e seus dois amigos fizeram tudo rapidamente, a ponto de um ter caído da torre e visto, da cama do hospital, a rádio entrar no ar no dia marcado. Foi heroísmo. Acontece muito em montagens de emissoras de rádio e a gente vê, aprende e dá valor. 

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