Após cento e vinte dias de observação e levantamentos técnicos, a Agência de Regulação de Serviços Públicos do Espírito Santo (ARSP) anunciou que a cobrança unidirecional de pedágio na Terceira Ponte passará a ser permanente, a partir desta terça-feira (16). Assim, os veículos que trafegam com destino a Vila Velha continuarão isentos do pedágio.
A notícia foi dada durante coletiva de imprensa na tarde desta segunda-feira (15), na sede da ARSP. Estiveram presentes o diretor-geral da ARSP, Julio Castiglioni, a diretora técnica de saneamento básico e infraestrutura viária, Katia Muniz Côco, e a subsecretária de Estado de Mobilidade Urbana, Luciene Becacici.
Para Julio Castiglioni, quando se decidiu pela implantação do sistema unidirecional de cobrança, no mês de junho, já era possível prever a ocorrência de melhorias na fluidez do tráfego, mas seria necessário monitorar o comportamento dos motoristas durante o período experimental. Segundo o Diretor, a avaliação final demonstra que “não ocorreu qualquer alteração significativa na quantidade de veículos que trafegam diariamente com destino a Vila Velha, sendo que, nos meses de agosto e setembro, houve uma discreta queda no fluxo de 0,05% e 0,18%, respectivamente, quando comparado com os mesmos meses de 2017”, informou o diretor.
A equipe técnica da ARSP avaliou os benefícios da cobrança unidirecional, concluindo que dois terços dos usuários que trafegam diariamente pela Terceira Ponte com destino a Vila Velha – o que representa mais de 30 mil veículos por dia – foram beneficiados com uma diminuição de cerca de 10% a 12% no tempo de viagem sobre a ponte, haja vista que não necessitam mais parar o veículo, efetuar o pagamento da tarifa, receber o troco e novamente acelerar na subida da Ponte, que tem um aclive sobremaneira acentuado.
E, mesmo para aqueles usuários que já utilizavam o sistema de cobrança automática, a cobrança unidirecional passou a evitar a disputa por faixas de rolamento. “Havia disputa de faixas. Quem saía da Praça do Cauê, por exemplo, precisava se deslocar lateralmente até chegar à extremidade direita da via e ingressar, enfim, na via expressa. Agora não existe mais esta necessidade, uma vez que o motorista poderá acessar qualquer uma das faixas de subida”.
Para os demais veículos que trafegam com destino a Vila Velha no horário de pico, ou seja, cerca de 15 mil veículos por dia, os estudos técnicos demonstraram que a percepção de melhoria acarretada pela cobrança unidirecional varia de usuário para usuário e depende de sazonalidades e de ocorrências que já existiam no fluxo da Terceira Ponte.
Observou-se, por exemplo, que a incidência de panes e de acidentes de trânsito, no horário de pico, acarretam piora significativa na fluidez do tráfego, algo que, no entanto, não se relaciona com a cobrança unidirecional implantada desde junho. Da mesma forma, também há diferença de percepção quando se considera o dia da semana observado (com segundas e sextas-feiras sendo potencialmente mais críticas, e terças-feiras sendo mais amenas, em geral), e quando se considera o horário de ingresso na região da Praça do Pedágio (a fluidez do tráfego se comporta melhor no início e no fim do período de pico).
Capacidade de escoamento
Embora a ausência de mudança comportamental e a ocorrência de benefícios para os usuários justifiquem tecnicamente a manutenção da cobrança unidirecional, a ARSP confirma que a capacidade de escoamento da Terceira Ponte está saturada e que são necessários novos investimentos sobre a via.
“Essa intervenção é um esforço adicional do governo para ampliar a capacidade da Terceira Ponte e, com isso, melhorar a fluidez do trafego nos horários de pico em Vitoria e Vila Velha”, informou a subsecretária de Estado de Mobilidade Urbana, Luciene Becacici.
Alegando se basear em sugestões de cidadãos capixabas amplamente divulgadas na mídia local, na experiência canadense com a operação da Ponte Lions Gate (Vancouver) e na experiência obtida pela CET – Companhia de Engenharia de Tráfego de São Paulo, a ARSP desenvolveu, juntamente estudos para implantação de uma quinta faixa na Terceira Ponte, sem necessidade de ampliação lateral da mesma. Para tanto, identificou-se ser viável a retirada do canteiro central, o redimensionamento das atuais faixas (de modo que existam cinco faixas) e a implantação de um moderno sistema de monitoramento e de sinalização vertical e horizontal que, em conjunto, tornarão possível a operação de faixas reversíveis. Assim, no período de pico da manhã, usuários com destino a Vitória terão três faixas para trafegar e, no período de pico da tarde, quando essa dinâmica se inverte, os usuários com destino a Vila Velha passariam a contar com três faixas.
O projeto de engenharia foi formulado pela Concessionária Rodosol S/A. Embora a concessionária tenha projetado um custo total de 24,5 milhões de reais e tenha dimensionado um prazo de execução de oito meses após a efetiva contratação, tanto os valores como o cronograma ainda serão auditados pelo Departamento de Estrada de Rodagem (DER-ES). Caberá ao DER-ES, após ultimada esta fase de aperfeiçoamento do projeto, instaurar uma licitação pública para a contratação da empresa que será responsável pela execução das obras. Portanto, a obra não será executada pela atual concessionária e não haverá, por conseguinte, qualquer impacto na tarifa de pedágio atualmente aprovada pela ARSP.
Segundo a diretora técnica de Infraestrutura Viária da ARSP, Kátia Muniz Côco, as simulações realizadas com software de engenharia de tráfego, utilizando-se dados reais do fluxo e do comportamento dos veículos na Ponte, apontam que há um potencial de melhoria de fluidez: “no sentido Vitória, projeta-se um acréscimo de cerca de 1.000 veículos na capacidade da Ponte, diminuição de 12% no tempo total de viagem e um aumento de 28% na velocidade média. No sentido inverso – indo para Vila Velha – existe potencial de melhoria semelhante e que poderá ser sensivelmente incrementado com alterações no sistema viário naquela cidade, que poderão ser adotadas no futuro”, informou.