O graffiti já foi mal visto e perseguido, mas com o tempo foi conquistando algum reconhecimento no mundo institucional das artes. Há polêmicas sobre a suposta distinção entre pixo e graffiti, que muitos grafiteiros negam – seriam estas a mesma arte. Também há quem aponte como premissa do graffiti o fato de ser feito nas ruas e sem permissão, trazendo consigo a marca da transgressão de uma cultura surgida a partir das periferias.
Daí a possibilidade de alguma polêmica quando um edital público disponibiliza recursos para elaboração do que chama “grafite” para ser executado “com apresentação de autorização prévia emitida pelo proprietário”.
O edital define que “o grafite é uma manifestação artística de rua, caligrafada ou um desenho pintado ou gravado sobre um suporte, que não é normalmente previsto para esta finalidade, como muros, paredes, cercas e viadutos, possibilitando a comunicação artística sem delimitação de espaço, a intervenção artística e ocupação dos espaços públicos urbanos e a expressão de ideias”. Conceitos e debates à parte, o projeto representa um reconhecimento dessa arte e sua importância para as periferias.
Dentro do projeto Ocupação Social, que finalmente e timidamente começa a buscar na cultura um instrumento para combate à violência que assola a juventude capixaba, foi lançado o edital Arte na Rua, que está com inscrições abertas até 28 de novembro pela internet, correios ou protocolo da Secretaria de Estado da Cultura (Secult).
Por meio de parceria entre a Secult e a Secretaria de Estado de Direitos Humanos (Sedh), o edital disponibiliza R$ 390 mil para até 26 projetos, com prêmio de R$ 15 mil para cada. Como cada projeto deve desenvolver três painéis no bairro em que será realizado, a ação deve gerar 78 murais com dimensões mínimas de 2mx3m entre os municípios da Grande Vitória e interior. Além das pinturas, cada projeto proposto deve prever atividades paralelas de inclusão do público-alvo do Ocupação Social, que são crianças e jovens entre 10 a 24 anos.
Os bairros aptos a participar estão entre os que possuem os mais altos homicídios de jovens no Estado. São eles: Castelo Branco, Nova Rosa da Penha, Flexal II e Nova Esperança (Cariacica), Feu Rosa, Vila Nova de Colares, Jardim Carapina, Novo Horizonte, Planalto Serrano, Central Carapina e Bairro das Laranjeiras (Serra), Barramares, Ulisses Guimarães, Boa Vista (I e II), São Torquato e Santa Rita (Vila Velha), Nova Palestina e Bairro da Penha (Vitória), Zumbi (Cachoeiro de Itapemirim), Ayrton Senna e Bela Vista (Colatina), Interlagos e Aviso (Linhares), Bom Sucesso e Vila Nova (São Mateus), Domiciano, Santo Antônio (I e II), Jardim Planalto, Galileia, Vila Verde, Colina, Residencial Pinheiros, Niterói e Jundiá (Pinheiros).
Os proponentes podem ser tanto pessoas físicas como grupos e coletivos com atuação comprovada no bairro em que proponha a atividade.
As informações completas do edital podem ser acessadas aqui. Outras dúvidas podem ser tiradas pelos telefones (27) 3636-7115 e 3636-7116 ou pelo e-mail [email protected].