quarta-feira, fevereiro 5, 2025
24.9 C
Vitória
quarta-feira, fevereiro 5, 2025
quarta-feira, fevereiro 5, 2025

Leia Também:

Vale tudo

Ancorado em mais de 55 milhões de votos contabilizados nas urnas e elevado à condição de mito endeusado até mesmo por quem diz professar o verdadeiro Deus, o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) pisa em terreno firme para formar seus ministérios, que a partir de janeiro de 2019 será responsável pelo gerenciamento do Brasil. 

Apesar de não causar surpresas à maioria de seus seguidores, pela negação ética e moral que o nome e as ações dos agraciados fazem aflorar, já que tudo é permitido, a indicação dos futuros ministros contribui para ampliar o contingente dos insatisfeitos que formam a frente de resistência à quebra de paradigmas seculares que embasam o Estado laico e conceitos de democracia e do Direito.  

Esse cenário se estabelece com a indicação do juiz da Lava Jato, Sérgio Moro, e se confirma com a aceitação, fixando nessa operação necessária para barrar a corrupção endêmica no País, a marca do partidarismo político, do antipetismo que invade a consciência coletiva.

O superministério de Moro faz cair por terra o mote da campanha de Bolsonaro, de uma nova política, com destaque para o “agora vai ser diferente”, que se revela uma grande conversa fiada. Esse “novo” abre caminho para o autoritarismo, a perseguição e o aumento da violência, como já pode ser visto.  

É nesse cenário que o senador Magno Malta (PR) se enquadra, ao alcançar mais uma etapa de sua trajetória política, marcada por inquestionável desfaçatez. 

Se assim não fosse, como explicar que ele apareça com o mesmo entusiasmo tanto ao lado dos presidentes Lula e Dilma Rousseff, em fotos e vídeos da época, agora por ele demonizados, quanto aos abraços com o presidente da vez, Michel Temer, e encostado ao peito do presidente eleito, Jair Bolsonaro, que o quer ministro, para cuidar da família e do desenvolvimento social? 

O senador Magno Malta irá cuidar da área relacionada aos direitos humanos, logo ele, denunciado por abusos praticados na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pedofilia, presidida por ele no Congresso Nacional, sendo a última formalizada pelo ex-cobrador de ônibus Luiz Alves de Lima, de Vitória, torturado e até hoje com sérias sequelas.

Apesar disso, ele vai, pois  é o “irmão eterno” do presidente, respaldado por lideranças evangélicas inseridas no lucrativo sistema religioso televisivo. 

Nomes como Onyx  Lorenzoni, obscuro deputado federal pelo DEM de Porto Alegre, corrupto confesso e futuro chefe da Casa Civil, e do astronauta Marcos Pontes, ministro da Ciência e Tecnologia com poder de gestão sobre  63 universidades e responsável pela área de pesquisa científica, sem vivência no setor, se juntarão ao de Magno Malta.

Compõem o chamado núcleo duro do governo, cujo eixo se assenta em uma rígida política de combate à corrupção e de garantia de segurança pública, de todo necessária e inquestionável, embora os meios apresentados para colocá-la em prática contrariem o respeito à liberdade de expressão, os direitos humanos e a própria a democracia. 

A formação desse grupo despreza os aspectos técnicos e o conhecimento das respectivas áreas de atuação, privilegiando práticas condenadas, como a indicação para cargos de amigos derrotados nas urnas, como Magno Malta, revivendo a velha “boquinha”. Além disso, amplia a concentração de poder em áreas sensíveis, com visíveis marcas totalitaristas, bem ao modo do presidente eleito.   

 

Mais Lidas