A Igreja Católica no Brasil comunicou, nesta quarta-feira (7), duas alterações no episcopado brasileiro, ambas ocorridas no Estado. Dom Luiz Mancilha Vilela deixa de ser arcebispo de Vitória, dando lugar a dom Dario Campos, transferido da diocese de Cachoeiro de Itapemirim, no sul do Estado. Mancilha, que enviou um pedido de renúncia acolhido pelo Papa Francisco, passa a ser agora administrador apostólico da Arquidiocese de Vitória até à posse de Dom Dario e, em seguida, bispo emérito.
A informação foi publicada pelo site oficial da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e também no site da Arquidiocese de Vitória. A posse de dom Dario Campos será no dia 5 de janeiro, às 10 horas, na Catedral Metropolitana de Vitória. Nesta quarta-feira (7), dom Dario publicou uma carta ao povo capixaba.
A mudança ocorre três meses depois de polêmica protagonizada por Mancilha, que, depois de receber o senador Magno Malta (PR) na Arquidiocese de Vitória se unindo numa suposta luta contra a descriminalização do aborto, passou a defender um boicote contra o partido Psol nas eleições deste ano. Em seguida, Mancilha extinguiu a Comissão Justiça e Paz (CJP), entidade histórica na luta dos direitos humanos e pela democracia, lutando contra a ditadura militar e o crime organizado no Espírito Santo, o que gerou uma série de protestos e manifestações da entidades da sociedade civil que militam na área de Direitos Humanos.
Depois de Mancilha ter publicado uma foto com o senador em redes sociais, a quem recebeu na Cúria Metropolitana, o então presidente da Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de Vitória, Bruno Toledo, entregou uma carta de renúncia, se afastando do cargo. Segundo Bruno, que estava na Comissão de Justiça e Paz há seis anos, sendo os últimos três deles na presidência da entidade, a decisão de entrega do cargo foi tomada “por chegar ao limite”. Logo em seguida, um dia depois da renúncia, a própria CJP foi extinta.
Trajetórias
Dom Dario Campos é franciscano da Ordem dos Frades Menores. Nasceu aos 9 de junho de 1948, em Castelo (ES). Sua ordenação episcopal foi em 26 de setembro de 2000, em Belo Horizonte (MG), após ser nomeado bispo coadjutor de Araçuaí (MG). Dom Dario tornou-se bispo titular em 2001, permanecendo até 2004 na diocese do Norte de Minas, quando foi nomeado bispo de Leopoldina (MG). Neste período, foi membro do Conselho Episcopal de Pastoral do regional Leste 2 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e responsável pelo Setor Vocações e Ministérios (2002 a 2006) e pelos Presbitérios do regional, além do Setor de Animação Vocacional (2006 a 2010). Dom Dario tomou posse na diocese de Cachoeiro de Itapemirim no dia 10 de julho de 2011. Seu lema episcopal é “Nas tuas Mãos”.
Já Luiz Mancilha é natural de Pouso Alto (MG) e completou 75 anos em maio de 2017, idade estabelecida pelo Código de Direito Canônico para a apresentação da renúncia por idade ao papa. O agora arcebispo emérito de Vitória também passou pela diocese de Cachoeiro de Itapemirim, assim como seu sucessor. Por lá esteve de 1986 até 2002. Entre 2002 e 2004, foi arcebispo coadjutor de Vitória do Espírito Santo, assumindo o governo arquidiocesano na sequência. Dom Luiz Mancilha Vilela, cujo lema episcopal é “Ut Pastor Pascet” (Como um pastor) atuou na CNBB como responsável pela então Dimensão Missionária e fez parte do Conselho Episcopal Pastoral (Consep).