Raciocínio rápido, controle de emoção e postura. Essas são algumas das características fundamentais para se sair bem numa batalha de MCs, quando rappers se enfrentam no mano a mano. Todo ano, o vão localizado abaixo do viaduto de Santa Tereza, em Belo Horizonte, vira um verdadeiro caldeirão, reunindo até 25 mil pessoas para o Duelo MCs, que acontece desde 2007 na capital mineira, mas que tem status nacional desde 2012.
O Espírito Santo, que participa desde 2012, brilhou no ano passado com a vitória de César MC, que derrotou o mineiro Drizzy, que batalhava em casa na final. Mas este ano, o César, que representou o Estado nas duas últimas edições, não participará, pois não disputou as seletivas. Nos próximos sábados, 17 e 24 de novembro, a partir das 15h, acontecem na Praça Costa Pereira as finais das seletivas capixabas.
Foto: Pablo Bernardo
A ausência do atual campeão nacional não deve significar que o Espírito Santo esteja enfraquecido, pelo contrário, a glória de César também se deve à força do movimento local. “A nossa cena é conhecida por um formato mais ideológico, típico das batalhas de conhecimento. Isso faz muita diferença, deu mais autenticidade. Nossos MCs dificilmente falam palavrões ou atacam gratuitamente os adversários. Essa postura influencia muito”, diz Mano Feijó, um dos organizadores das seletivas estaduais.
Este ano, porém, o Duelo Nacional cresceu. Se antes eram 16 estados que participavam enviando seus representantes, neste ano serão 16 representantes das 27 unidades federativas. Sendo assim, da seletiva estadual, dois capixabas irão disputar a etapa Sudeste, enfrentando dois representantes dos outros estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. Dos oito concorrentes, apenas dois irão para o Duelo Nacional. “Estamos no grupo da morte”, diz Feijó, por conta da força que o freestyle tem no Sudeste. “Mas estamos bem cotados. Nossa cena é muito respeitada no Brasil”. Os dois classificados da região disputam o nacional nos dias 15 e 16 de dezembro em Belo Horizonte.
Em cada uma das datas das finais estaduais, sairá um dos classificados. Caso o mesmo MC vença nos dois dias, a vaga será decidida num duelo entre os vice-campeões. Estarão presentes 16 rappers, que venceram as 16 seletivas realizadas este ano, sendo 12 delas no Centro de Vitória e as demais em Aracruz, Linhares, Guarapari e Cachoeiro de Itapemirim. Feijó estima que atualmente hajam cerca de 20 batalhas de MCs ativas no Espírito Santo, muitas delas com atividades semanais.
Os participantes se enfrentam em duelos eliminatórios até chegar à final. Os MCs realizam uma série blocos com uma série de rimas e respostas. Quem vencer duas etapas ganha. Caso haja empate, há um terceiro round. A avaliação é feita por dois jurados, geralmente MCs experientes da cena, e um voto do júri popular, composto pelo público, que “faz barulho” para um ou outro participante. Entre os quesitos de avaliação estão o nível de ataque e resposta, a contextualização, a métrica e o flow das rimas, a autenticidade com que a pessoa canta e a postura como se comporta durante a batalha. O comando do som ficará com o DJ Jack e DJ Big e a apresentação de Mano Feijó, como mestre de cerimônias.
Nomes como Noventa, que disputou o Duelo Nacional em 2015, Dudu, CH, ADM, PH são cotados entre os favoritos. As seletivas estaduais estão sendo realizadas de forma independente por membros da cultura hip hop no Espírito Santo. As batalhas serão transmitidas pelo Canal do Dimas no YouTube e Facebook.
