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Raízes da Piedade e Padre Kelder recebem prêmios de Direitos Humanos

O Conselho Estadual de Direitos Humanos (CEDH) anunciou, nesta segunda-feira (11), os vencedores do Prêmio Estadual de Direitos Humanos. Neste ano de 2018, os escolhidos foram o projeto Raízes da Piedade (como instituição) e o Padre Kelder Brandão (como personalidade), ambos eleitos pelo CEDH pela luta que realizam com minorias socialmente discriminadas. O Prêmio será entregue no dia 10 de dezembro, às 9 horas, no Palácio Sonia Cabral, antiga sede da Assembleia Legislativa, localizada na Cidade Alta, Centro de Vitória.

De acordo com Deborah Sabará, presidente do CEDH, o objetivo do prêmio é fomentar a luta pelos Direitos Humanos no Espírito Santo e, para isso, é lançado um edital com critérios e datas específicas para que propostas com sugestões de candidatos em duas categorias (instituições e personalidades) sejam enviadas por pessoas de todo o Estado. Depois disso, é realizada uma votação entre os conselheiros na reunião do Pleno, decidindo os vencedores. 

“Recebemos muitas sugestões, de instituições e pessoas. Debatemos no Conselho a importância dos trabalhos realizados pelo padre Kelder, como as missas que o religioso celebrou em atenção a pessoas assassinadas; além da luta do padre contra o racismo, a violência policial. Também o do projeto Raízes da Piedade, que nasceu da escola de samba como forma de resgatar pessoas que nasceram naquela comunidade; utiliza a história do samba para proteger as crianças, reduzir a violência”, explicou Deborah.

Jocelino da Conceição Silva Júnior,  nascido e criado na comunidade Piedade, pedagogo, educador social e membro do Grupo Raízes da Piedade, disse que foi uma grata surpresa a instituição ter sido eleita para receber o prêmio. “O que fizemos não foi com o intuito de se vangloriar ou receber algum tipo de benefício. Tivemos apenas que ser firmes e resistentes em nome dos moradores, pessoas que conheço desde quando nasci. Tenho amigos dos dois lados, parentes dos que foram assassinados e que tivemos que apoiar. E também amigos dos que foram expulsos e que tivemos que ajudar a deixar comunidade”.  

O educador social chegou a elaborar um documento em que traçou um panorama a respeito de um dos bairros mais antigos e tradicionais da Capital. Intitulado “Um lugar de Piedade, Morro da Piedade – Território do Samba” apresenta dados sobre a evasão de moradores do bairro após a onda de violência, que teve seu pico neste ano de 2018. 

Segundo o levantamento do ativista social, a partir de pesquisa realizada pelo Grupo Raízes tendo como fontes dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foi identificado que, entre 2010 e 2018, houve uma redução de 62,7% no número de habitantes nos bairros Fonte Grande e Piedade. “Observamos que a diminuição somente na Piedade foi de 48%”, explicou. 

Padre Kelder, por sua vez, teve notoriedade por ser um religioso preocupado com a violência que atinge os jovens da periferia. Em 2014, um homem identificado como Sérgio Rodrigues dos Santos, de 25 anos, foi assassinado com um tiro nas costas e outro no queixo. Antes do crime, a Procissão de Ramos, que marca o início da Semana Santa, saía do bairro Nova Palestina, na Grande São Pedro, e seguia pela Avenida Serafim Derenze, com destino a Paróquia São Pedro dos Apóstolos. Os fieis foram surpreendidos com o corpo do rapaz. Diante da situação, o padre Kelder José Brandão, decidiu celebrar uma missa. 

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