O bairro Jaburu, em Vitória, irá receber o 1º Encontro Estadual “Di Favelas”, que busca conectar pessoas e experiências que se desenvolvem nas favelas e periferias do Espírito Santo. A atividade, que acontece no próximo sábado (8), conta com organização coletiva de ao menos 28 comunidades da Grande Vitória e do interior.
O evento será aberto com um café da manhã e um sarau. Em seguida, haverá o momento chamado de Roda da Vida, com relatos de pessoas experientes nas lutas feitas nas periferias. Os convidados são Rosa Maria, do grupo Kisile, de Jacaraípe (Serra), e Hamilton Borges, que faz parte da Campanha Reaja ou Será Morto/a, da Bahia.
“O encontro é uma espaço de troca, de compartilhamento de saberes, compartilhamento de tecnologias sociais. Queremos saber como uma solução encontrada por uma favela pode ajudar a resolver um problema parecido em outra comunidade, por exemplo”, diz Carlos Abelhão, um dos organizadores.
Durante a tarde de sábado, o momento será justamente para a troca dessas tecnologias sociais entre os integrantes das diversas comunidades. Para a noite a promessa é de uma grande atividade cultural, com diversas atrações como funk, rock, sertanejo e outros ritmos.
“Muita gente olha a as favelas como um lugar horrível, abominável. Não é o lugar com as condições ideais que a gente queria estar, mas essas condições sociais foram impostas e queremos fazer desse lugar o melhor local para a gente. Temos que mostrar a potência que existe dentro das favelas”, comenda Rafael Feijão, outro integrante da organização do encontro. Ele ressalta que o evento busca um novo formato, baseado na horizontalidade e trabalho coletivo, na base do “nós por nós”, sem institucionalização.
A proposta é que o encontro aconteça mensalmente no ano que vem de forma itinerante, visitando uma favela ou comunidade diferente a cada edição. Sobre a atual conjuntura e o que esperar para o próximo ano, os organizadores entendem que a realidade sempre foi difícil nas favelas, onde ocorre violência e mortes.
“A favela é o espaço onde vemos nossos direitos, nossas vidas e nossos sonhos ceifados. Isso não é de agora. A gente acredita que as coisas vão piorar, a sociedade sempre nos negou como negros, pobres, pessoas de periferia. Precisamos de uma mudança vinda de nossos territórios. Precisamos fazer algo para proteger os nossos, cuidar dos nossos, olhar pelos que realmente estão precisando”, diz Feijão.