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Viver e conviver com HIV é tema de roda de conversa da Gold

Em função da greve de ônibus ocorrida nos dias 4 e 5 de dezembro, a Roda de Conversa sobre viver e conviver com HIV foi adiada para a próxima quarta-feira (11), às 19h, na sede da Associação Grupo Orgulho Liberdade e Dignidade (Gold), organizada do encontro, localizada no Centro de Vitória. 

A pergunta lançada é: “Minha/meu parceirx tem HIV.  E agora?”. No evento, os participantes poderão conversar com um casal de namorados que vive essa situação, além do infectologista Lino Neves. 

O termo “viver com HIV”, explica a entidade, é atribuído às pessoas que são soropositivas e “conviver com o HIV” é a situação dos familiares, companheiros e dependentes do soropositivo, que se envolvem nos cuidados com a pessoa que vive com o vírus. 

Século Diário conversou com o soropositivo que estará no evento, que preferiu não se identificar, e aqui será chamado de Fabiano. O rapaz descobriu que é portador do HIV há seis anos e atualmente tem um relacionamento homoafetivo com um soronegativo. 

A sinceridade acredita, foi fundamental para estabelecer uma relação de confiança mais rapidamente com o parceiro. “O meu atual namorado, sentiu isso, confiante de estar comigo porque eu estava sendo sincero com ele desde o começo. Viu que eu tomava os remédios, entendeu que a pessoa que toma remédio, controla faz exames vai ao médico, ela não transmite o HIV então seria seguro ter relações comigo no quesito HIV, inclusive sem camisinha”, relata.

De fato, a pessoa que toma os medicamentos torna o vírus indetectável e intrasmissível, permitindo uma vida sexual normal, sem riscos para o parceiro. No caso de Fabiano, pelo fato dele ter interrompido temporariamente o tratamento recentemente, o namorado está tomando o cuidado de tomar o PrEP – Profilaxia Pré-Exposição, que é um comprimido ingerido diariamente, que impede que o vírus causador da aids infecte o organismo. 

“Mas até então ele não tomava. Ele podia simplesmente ter relações sem se preocupar, pois eu não transmitia HIV pra ele durante o tratamento e nós fizemos exames para outras ISTs [Infecções Sexualmente Transmissíveis, como gonorreia, sífilis e hepatites] e estava tudo certo, então a gente tinha relações sem camisinha”, conta. 

Fabiano é militante de uma campanha permanente pela informação da população sobre HIV e aids, pois existem ainda muita desinformação e preconceito sobre o tema. Todo dia primeiro de dezembro, Dia Mundial de Combate à AIDS, participa de eventos de conscientização. 

“Não se deve ter medo de falar que é soropositivo. Eu levo uma vida normal, tenho tanta saúde quanto qualquer outra pessoa, tanto soropositiva quanto soronegativa, está tudo certo”, afirma.

Ele enfatiza a importância de se fazer o teste imediatamente, em caso de qualquer situação de risco de contaminação, pois com o tratamento adequado, não só se pode ter uma vida saudável, como também proteger as pessoas com as quais se relaciona. 

Por isso é tão preocupante a declaração recente de Luiz Henrique Mandetta, futuro ministro da Saúde, do presidente da República eleito, de que sua pasta deve reduzir os investimentos no tratamento público contra o HIV e aids. 

“Se o Estado não controlar a epidemia, facilitando ao acesso a população de forma geral, pode acabar muita gente doente em alguns anos”, alerta, lembrado que o Brasil sempre foi referência no tratamento ao HIV, que, na década de 1980 e 1990, teve o sociólogo Betinho como ícone dessa luta e um dos principais orientadores para as políticas públicas de sucesso nessa temática. A luta contra a doença, no Brasil, completa em 2018 30 anos. 

Mas a redução do acesso ao medicamento – que tem um custo mensal em torno de dois mil reais – já está sendo percebida no governo Temer. “Eu sinto que nos últimos anos ficou mais complicado pegar o remédio, mas nunca houve interrupção no tratamento. Antes se eu pegava de três em três meses e agora tenho que pegar de mês em mês e isso indica uma diminuição no estoque das farmácias públicas”, diz. 

 

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