Não causou surpresa o fato de o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) ter voltado atrás na decisão envolvendo em uma ação rescisória em favor dos trabalhadores da ArcelorMittal, já que no dia anterior o próprio Tribunal homenageou a empresa por conta de uma parceria entre empresa e o tribunal.
Isso não é novidade, porque em 2010, quando já havia uma decisão favorável aos trabalhadores, já em fase de cumprimento da sentença, houve uma mudança de rumo do processo. Não cumpriram a sentença e reformaram.
O sindicato já sabia do julgamento anterior e da possível decisão dos desembargadores. Por que não um carro de som na frente do tribunal na quarta-feira passada? Faltou astúcia de disponibilizar a ferramenta para os trabalhadores quando as portas foram fechadas. Era hora de berrar. E o sindicato, diga-se de passagem, tem um excelente caminhão de som.
Agora, preocupa muito essa reviravolta no Tribunal. Uma parceria entre a Arcelor e Associação dos Magistrados do Trabalho (Amatra), que acabou caindo na conta de todo o tribunal, afinal a coisa foi parar no site do TRT, mostra que é preciso que as categorias que buscam a intervenção da Justiça do Trabalho devem ter a atenção redobrada.
O capital tem mecanismos de cooptação que vão além da intervenção na prática sindical. Diante da impossibilidade de resolver o problema ali na negociação com o sindicato, a empresa busca outras formas de virar o jogo ao seu favor. E com êxito.
Não dá para generalizar dizendo que tudo que passa pela Justiça do Trabalho, mas é preciso lembrar da máxima que diz que à mulher de César não basta ser honesta, tem que parecer honesta. Quando a Justiça coloca em seu próprio site uma parceria com uma das partes envolvida em uma ação que já era polêmica sem esse elemento, ela dá margem desconfiança sobre sua seriedade.
E cabe ao sindicato não deixar por isso mesmo. É preciso denunciar essas manobras, para que isso não se torne uma regra. É hora de a categoria se mobilizar.