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Mães capixabas sofrem com falta de apoio a filhos com microcefalia

No ano de 2015 o Brasil viveu uma epidemia de transmissão do zika vírus. Um dos resultados foi o nascimento de milhares de crianças com microcefalia. A situação comoveu e preocupou o país, mas o tema foi esquecido desde então no debate nacional.

Desta maneira, o documentário Todo cuidado do mundo, que acaba de ser disponibilizado pela internet, tem o mérito de trazer de volta o tema, pois as crianças cresceram e o apoio do Estado é insuficiente.

O filme dirigido por Hugo Reis e Úrsula Dart mostra com um olhar delicado a situação de quatro mães capixabas, duas de Cariacica, uma de Vila Velha e uma de Linhares. Muitas das mães vivem nas periferias e foram abandonados pelos companheiros, ficando sós no cuidado do filho, sendo demitidas ou tendo que deixar o trabalho para cuidá-los.

“É necessário o tema voltar a ser visibilizado. Essas mulheres estão completamente abandonadas pelo sistema público de saúde no Espírito Santo. Todas as crianças precisam de muito cuidado, mas estas têm ainda mais dificuldades, precisam de uma rede de assistência mais efetiva e ampla, precisam de todo cuidado do mundo, como diz o título do filme”, relata Sergio Brito, coordenador da VídeoSaúde Distribuidora Regional Ufes, fruto de uma parceria da Fundação Osvaldo Cruz com o programa de pós-graduação em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes)

As crianças acometidas pela doença têm dificuldades neurológicas que dificultam seu desenvolvimento mental e motor. Em 25 minutos, a obra audiovisual traz o relato das mães Alessandra, Glaucilene, Josileide e Sabrina sobre as dificuldades e imagens de seu cotidiano com os filhos, além dos comentários de pesquisadores, especialistas e representantes do poder público.

A construção do roteiro foi feita como parte de uma oficina do VideoSaúde, com apoio do estudo de doutorado de Paula de Souza, enfermeira e professora da Ufes, executado com produção técnica da produtora capixaba Pai Grande Filmes. “A ideia é contribuir para que essas mulheres tenha espaço de fala para verbalizar. Buscamos uma comunicação focada na questão da saúde, mas que também possa ser um produto artístico para interferir na cultura da comunicação e não apenas na saúde”.

Para Sergio Brito, o tema não se encerra não só pelo fato das famílias terem que conviver com as consequências da epidemia por muitos anos, como pelo risco real do Brasil viver outra epidemia do vírus, “O modelo de tentativa de solução do problema no combate ao vetor não está resolvendo mais. É preciso uma série de políticas públicas para organizar questões como tratamento de água, coleta de lixo, saneamento básico e também questões ambientais como o fim do desmatamento, que causa desequilíbrios ambientais”, menciona.

Todo cuidado do mundo teve sua pré-estreia em novembro na Ufes durante o II Secacs – Seminário Capixaba de Comunicação & Saúde e será transmitido na TV pelo Canal Saúde, TV Ufes e TV Assembleia. Em janeiro, o filme ainda deve ser exibido em sessão aberta em Cariacica, onde vivem algumas das mães entrevistadas na obra.

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